Artigo Acesso aberto Revisado por pares

Um pouco de gesso, muito desenho, toda a abnegação: a instrução dos ofícios para os alunos-operários do século XIX

2021; National University of Distance Education; Issue: 15 Linguagem: Português

10.5944/hme.15.2022.28019

ISSN

2444-0043

Autores

António Henriques,

Tópico(s)

History of Education Research in Brazil

Resumo

O pensamento, escrita e ação do mais informado perito oitocentista português sobre o ensino artístico, e grande conhecedor dos tesouros artísticos de Portugal, o historiador e pedagogo Joaquim de Vasconcelos (1849-1936), orientam-nos na indagação sobre os fundamentos da luta pelo estabelecimento no país do ensino elementar técnico com base na disciplina de desenho, pela dignificação das artes decorativas e pelo es­tabelecimento de museus de artes industriais. Esse movimento, inicialmente assumido pela Inglaterra através do Mu­seu de South Kensington, com ramificações centrais em França, na Ale­manha e na Áustria, circunscreve a necessidade de dar trabalho às crianças e jovens das classes operárias, na segunda metade do século XIX, proporcionando autonomia, dignidade e fuga à miséria. O que co­meça por ser uma revolução do ensino do desenho terá grandes con­sequências na valorização da herança cultural, patrocinada pelas aristo­cracias e burguesias europeias; e na vontade de a devolver às massas, como efeito de poder das classes dirigentes. O artigo discute como essa revolução, e o fomento das artes caseiras, implicaram: i) uma ideação de um património nacionalista, sustentada num movimento internacional de países; ii) uma autenticação, pelas aristocracias europeias, das chamadas «artes maiores», para servirem de inspiração ao trabalho oficinal; iii) o início do tema da herança cultural como fenómeno de massas populares; iv) a eventual quebra do valor de autenticidade das peças artísticas.

Referência(s)