
Condições Higiênico-sanitárias e qualidade microbiológica do caldo de cana “in natura” comercializado em Sinop – MT.
2022; UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO; Volume: 15; Issue: 2 Linguagem: Português
10.36560/15220221495
ISSN2316-9281
AutoresKairo Adriano Ribeiro de Carvalho, Pedro Henrique Duarte Sandmann, Vanessa Mozzaquattro, Brenda Paz Deecken, Karolyne Vieira Bassetto, Geovana Vicentini Fazolo da Silva, Thaís Badini Vieira,
Tópico(s)Agricultural and Food Sciences
ResumoO caldo de cana é um alimento obtido pela prensagem da cana de açúcar (Saccharum sp) e comercializado “in natura” principalmente no comércio ambulante. Essa bebida é muito apreciada no Brasil, sendo considerada refrescante, energética, saborosa e de baixo custo. No entanto, o processo de obtenção desse produto exige o emprego de boas práticas de fabricação para que sejam preservadas a palatabilidade, a qualidade nutricional, sensorial e microbiológica. Assim, o presente trabalho teve como objetivos avaliar as condições higiênico-sanitárias dos locais de comercialização do caldo-de-cana em Sinop – Mato Grosso e a qualidade microbiológica desses produtos a fim de determinar se as amostras adquiridas encontravam-se próprias para consumo de acordo com a legislação vigente. Desse modo, elaborou-se, a partir da RDC 218 de 29 de julho de 2005, um check-list que foi aplicado no momento da coleta das amostras. Para a pesquisa foram adquiridas 32 amostras de 300 mL de caldo de cana “in natura” em 16 pontos de venda. Dessas amostras, 16 estavam acrescidas de gelo e 16 permaneceram sem gelo. As amostras foram coletadas em embalagens oferecidas pelos próprios comerciantes e transportadas em caixas isotérmicas ao Laboratório de Microbiologia da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de Sinop. Foram realizadas as seguintes análises: enumeração de coliformes totais e termotolerantes, pesquisa de Escherichia coli e Salmonella spp. Evidenciou-se que nenhum estabelecimento atendeu completamente às exigências da RDC 218 de julho de 2005 uma vez que 68,75% dos manipuladores utilizavam adornos nas mãos, 18,75% não apresentavam unhas aparadas e curtas, 87,5% não utilizavam máscara de proteção individual e 68,75% manuseavam o caldo de cana e o dinheiro concomitantemente. Nas amostras sem gelo, 87,5% apresentavam valores de NMP/mL para coliformes totais maior que 1,1x103; 43,75% apresentavam NMP/mL para coliformes termotolerantes superior a 102; em 68,75% foram isoladas cepas de E. coli e não houve isolamento de Salmonella spp. Das amostras com gelo, 100% apresentaram os valores de NMP/mL para coliformes totais maior que 1,1x103; 62,5% obtiveram valores de NMP/mL para coliformes termotolerantes superior a 10²; em 56,25% foram isoladas cepas Escherichia coli e em 6,25% de Salmonella spp. De acordo com os padrões microbiológicos estabelecidos pela Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001, 50% das amostras de caldo de cana sem gelo e 75% das amostras com gelo foram consideradas impróprias para o consumo. Tais resultados permitem inferir que a ausência das boas práticas higiênico-sanitárias na fabricação e armazenamento do produto estejam ocasionando a baixa qualidade microbiológica do produto comercializado, independentemente de estarem acrescidos ou não de gelo. Assim, por serem possíveis veiculadores de agentes etiológicos causadores de risco à saúde coletiva, torna-se necessária a intensificação das ações de vigilância a fim de garantir um alimento seguro à população.
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