
SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ APÓS VACINAÇÃO CONTRA COVID-19: UM RELATO DE CASO
2022; Elsevier BV; Volume: 26; Linguagem: Português
10.1016/j.bjid.2021.102075
ISSN1678-4391
AutoresAlice Jardim Zaccariotti, Caio Rodrigues Gomes Dias, Diandra Cavalcante de Oliveira, Maria Elvira Freitas Martins, Ana Elisa Caldas Gonçalves, Beatriz Caldas Gonçalves, Jairo Porfírio de Oliveira Júnior,
Tópico(s)Hereditary Neurological Disorders
ResumoA Síndrome de Guillan-Barré (SGB) é uma polirradiculoneuropatia inflamatória reportada, geralmente, após uma infecção viral. A SGB foi descrita em relatos de casos como decorrente da Doença do Coronavírus 2019 (COVID-19), embora não haja estudos que comprovem a relação. Com o início da campanha mundial de imunização contra a COVID-19, a SGB também tem sido apontada como um possível efeito adverso pós-vacinal. Homem, 53 anos, iniciou quadro de paresia de membros inferiores (MMII) associada à parestesia em pés e mão direita. Evoluiu com 3 episódios de queda de própria altura, paresia de membros superiores (MMSS) e dor em queimação na região escapular direita e irradiação para região lombar. Queixou-se de retenção urinária e constipação intestinal. Relatou imunização contra a COVID-19 (BNT162b2/Pfizer) há 20 dias e início dos sintomas há 6 dias. Glasgow 15 na admissão, apresentou: paralisia facial de padrão nuclear em hemiface direita, desvio de rima bucal para a esquerda, disartria grave, força grau 3 em MMSS e grau 2 em MMII e arreflexia tetrassegmentar, orientação e sensibilidade preservadas. A hipótese diagnóstica é de SGB variante Miller-Fisher, com déficit do VII nervo craniano à direita, síndrome disautonômica e síndrome padrão de acometimento de segundo neurônio motor. Várias descrições já realizadas associam vacinas à patogênese da SGB, como a da Influenza H1N1 e a do pólio. Isto pode ser explicado pela resposta imune anormal às proteínas-alvo específicas contidas nos imunizantes, à semelhança de patógenos virais. Em relação à BNT162b2, poucos relatos são encontrados na literatura e, apesar de não ser possível descartar a hipótese, fatores apontam para baixa probabilidade de associação. Os fatores são: nenhum dos materiais imunogênicos adicionais é conhecido por desencadear SGB; diante da ausência de estudos prospectivos de alta qualidade não foi encontrada associação estatística entre a infecção por Sars-Cov-2 e a SGB; e a não similaridade entre os casos descritos (neste, o paciente de idade adulta média tomou apenas a 1ª dose e não manifestou sintomas infecciosos gastrointestinais ou respiratórios prodrômicos, enquanto outros pacientes pertenciam a diversas faixas etárias, variaram entre 1ª ou 2ª dose e, naqueles que tiveram pródromos, houve detecção de agentes conhecidamente desencadeadores de SGB). Contudo, este é o primeiro caso descrito de SGB variante Miller-Fisher na pós-vacinação por BNT162b2.
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