Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

ENDOCARDITE INFECCIOSA NA GRAVIDEZ E NO PUERPÉRIO: RELATO DE DOIS CASOS EM UMA COORTE E REVISÃO DA LITERATURA

2022; Elsevier BV; Volume: 26; Linguagem: Português

10.1016/j.bjid.2021.101887

ISSN

1678-4391

Autores

Cristiane da Cruz Lamas, Fernanda Medeiros de Oliveira, Maria Theresa Fraife, Giovanna Ferrauioli Barbosa, Gabriel Santiago Moreira, Isabella Braga Tinoco da Silva, Thaíssa Monteiro,

Tópico(s)

Public Health in Brazil

Resumo

A endocardite infecciosa (EI) na gravidez e no puerpério, embora condição incomum, é muito grave. Descrever casos de EI numa coorte de adultos com EI em uma instituição brasileira e rever a literatura recente sobre o tema. Buscou-se, dentre casos de EI definitiva pelos critérios modificados de Duke em uma coorte prospectiva de adultos, de janeiro de 2006 a dezembro de 2020, casos de EI relacionada a gravidez e ao puerpério (EIGP). Foi feita revisão de literatura usando descritores entre 2014 e 2020 e os relatos de casos encontrados foram compilados. Dois casos de EIGP foram encontrados entre 401 adultos com EI, com a prevalência de 0,5% da coorte, de 2/139 (1.4%) dentre as mulheres da coorte e de 2/83 (2.4%) de mulheres em idade reprodutiva (18 a 49 anos). A busca de literatura sobre relatos de casos em EIGP resultou em 58 episódios de EIGP; dentre estes, 5 grávidas (8,6%), 8 fetos (13,7%) e 1 neonato prematuro morreram (1,7%). Predisposição valvar estava presente em 13 (22,4%) casos e uso de droga injetável (UDI) em 14(24,1%). Válvulas esquerdas foram as mais frequentemente afetadas em 38 (65.5%) dos casos. O agente etiológico mais frequentemente isolado foi Staphylococcus aureus sensível a meticilina em 17/58 (29,3%), embora os estreptococos do grupo viridans, como grupo, tenham sido os agentes mais frequentes, em 16/58 isolados (27,5%). UDI foi o principal fator de risco para EI em gravidas e puérperas e ocorreu em um quarto dos pacientes. S.aureus meticilina sensível foi o agente infeccioso mais frequente; a mortalidade foi alta, de 8,6% para as mães, e o dobro para os fetos e neonatos. Devemos considerar o diagnóstico de EI prontamente em situações de febre sem foco em grávidas e puérperas, especialmente naquelas em que sabemos de predisposição valvar e uso de drogas EV.

Referência(s)