Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Proust e a busca da cena ausente

2021; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS; Volume: 41; Issue: 2 Linguagem: Português

10.20396/remate.v41i2.8660554

ISSN

2316-5758

Autores

Francisco Renato de Souza,

Tópico(s)

Psychoanalysis and Psychopathology Research

Resumo

Este artigo analisa a composição de dois volumes de Em busca do tempo perdido (À La recherche du temps perdu, 1913-1927), de Marcel Proust: A prisioneira (La Prisonnière, publicado postumamente em 1923) e A fugitiva (Albertine disparue, publicado postumamente em 1927), como uma derivação do desvio da escrita literária que, por sua vez, é decorrente do desvio do comportamento homossexual de determinados personagens da obra proustiana. O foco narrativo da obra se faz, assim, a partir da influência de duas cenas homossexuais com componentes de perversão sadomasoquista observadas pelo narrador na sua infância e juventude, as quais o levam à elaboração da cena imaginária que coloca sua companheira, Albertine, como protagonista de uma cena do desvio homossexual. Derivadas dessa cena, as narrativas de A prisioneira e A fugitiva originam uma escrita que se estrutura na ambivalência, uma vez que se desenvolvem por meio do imaginário ciumento do narrador e se constituem pela alternância entre as cenas reais de sua relação com Albertine e as cenas ficcionais elaboradas pelo ciúme, através das tentativas infrutíferas do narrador em compor a cena ausente, a cena que, nunca acontecendo efetivamente, finda por se concretizar em obra.

Referência(s)