
Transexualidade – desafios na adesão à terapia hormonal de usuários do ambulatório de assistência especializada para pessoas travestis e transgênero do Distrito Federal
2022; Linguagem: Português
10.5102/pic.n0.2020.8339
ISSN2595-4563
AutoresAna Carolina Birino Melo, Rebeca Cezar Fechine Brito, Márcio Garrison Dytz, Leidijany Paz,
Tópico(s)Gender, Sexuality, and Education
ResumoO número de transexuais necessitando de cuidados de afirmação de gênero vem crescendo, no entanto, a assistência integral à saúde da população trans, bem como a instituição de um processo transexualizador universal e equitativo ainda permanece um desafio. Nesse contexto, a presente pesquisa destinou-se a analisar os fatores que interferem na adesão à terapia hormonal em usuários do Ambulatório de Assistência Especializada para Pessoas Travestis e Transgênero do Distrito Federal do Hospital Dia (Brasília - DF), com vistas a: delinear o perfil dos pacientes que realizam terapia hormonal; analisar a taxa de adesão ao tratamento hormonal; identificar as principais causas de descontinuidade do seguimento endocrinológico/hormonioterapia e comparar as taxas dessa descontinuidade entre homens e mulheres transexuais no ambulatório trans do DF. Foi realizado um estudo observacional, de caráter transversal e retrospectivo, por meio de análise documental da Ficha de admissão ao ambulatório trans e do Guia de entrevista interdisciplinar de acolhimento do ambulatório trans de 346 usuários admitidos entre 22/08/2017 a 14/02/2019, além dos seus respectivos prontuários físicos e eletrônicos, o que resultou em 201 indivíduos selecionados para este estudo. Após identificação de 127 pacientes em seguimento endocrinológico regular no ambulatório e 74 que descontinuaram a terapia hormonal orientada por endocrinologista deste centro especializado, foi realizada busca ativa deste último grupo com intuito de elucidar as causas que cercam a descontinuidade do acompanhamento. Concluiu-se que o perfil do usuário que iniciou tratamento hormonal com orientações do endocrinologista do ambulatório se configura, principalmente por homens trans, menores de 30 anos e com predomínio de educação formal igual ou superior a 9 anos. Houve uma taxa de adesão à hormonioterapia de 63,2%, em comparação a uma taxa de abandono de 36,8%, sendo esta descontinuidade maior entre as mulheres trans que iniciaram a hormonização. Os principais motivos de abandono identificados foram a dificuldade de marcação das consultas e/ou o acesso ao ambulatório (distância, transporte e recursos financeiros). A maior parte dos pacientes que estão usando hormônios sem acompanhamento médico segue a mesma prescrição feita pelo endocrinologista do ambulatório. Este campo de estudo ainda é pouco explorado, a falta de dados e de documentos oficiais brasileiros sobre esse tema reafirma a situação de marginalização em que a população trans está inserida. Esta pesquisa buscou trazer visibilidade para a pauta, além de suscitar pesquisas futuras no que tange a saúde trans.
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