
HIDATIDOSE HEPÁTICA EM PACIENTE COM HEPATITE B: RELATO DE CASO
2022; Elsevier BV; Volume: 26; Linguagem: Português
10.1016/j.bjid.2021.102104
ISSN1678-4391
AutoresLuis Enrique Bermejo Galan, Nayara Melo dos Santos, Domingos Sávio Matos Dantas, Roberto Carlos Cruz Carbonell, Aléxia Mahara Marques Araújo, Ana Cecília Marques de Luna, Alysson Bruno Matias Lins, Kayla Nunes Paiva, Adriana de Lima Moreira,
Tópico(s)Research on Leishmaniasis Studies
ResumoA hepatite B é uma doença viral causada por um hepatovírus, o vírus da hepatite B (VHB). Sua manifestação pode ser aguda com infecções assintomáticas até formas graves fulminantes, com diversas formas de transmissão e forte tendência à cronificação, com complicações como cirrose hepática e hepatocarcinoma. A hidatidose é uma parasitose que ocorre em duas formas principais: a cística (equinococose) causada pelo Equinococcus granulosus e a policística, causada pelos E. vogeli e oligarthrus. Os cães e outros carnívoros abrigam vermes adultos no intestino e evacuam os ovos nas fezes; se os ovos são ingeridos por humanos, eles se desenvolvem em larvas e posteriormente em cistos, acometendo principalmente fígado e pulmões. Os sintomas dependem da localização e tamanho dos cistos, sendo maioria das vezes assintomática. Paciente masculino, 55 anos, natural do MA e residente no interior de RR, agricultor/garimpeiro, com histórico de etilismo, tabagismo, vários tratamentos prévios para malária e infecção crônica pelo VHB. Tinha biópsia hepática que evidenciava fibrose incipiente em 2010 e vinha em uso de tenofovir, mantendo carga viral do VHB< 10 UI/ml. Evoluiu com dor em quadrante superior direito do abdômen e astenia. Exame de imagem abdominal (TC e RNM) demostraram esteatose hepática leve e imagem cística de espectros confluentes e aspecto exofítico no segmento hepático III, com espessamento do septo, com algumas porções grosseiramente calcificadas, medindo cerca de 4.9 cm × 3.9 cm nos maiores eixos. A pesquisa de anticorpos totais para equinococos foi positiva. Realizou vários tratamentos com Albendazol e posteriormente com Nitaxozanida, evoluindo com melhora dos sintomas, no entanto, mantendo alterações radiológicas no lobo hepático esquerdo e atualmente com sinais de hipertensão porta. Existem poucos estudos ou relatos na literatura que fazem referência a esta coinfecção. Vale ressaltar, no entanto, que na Turquia, país em que as duas infecções são problemas de saúde pública, foi encontrada uma soroprevalência maior da hepatite B (HBsAg) em pacientes com hidatidose. Este relato torna-se relevante ao documentar a rara associação entre a hepatite B e a hidatidose, ambas com acometimento hepático, a fim de alertar o profissional de saúde da possibilidade de ocorrência desta coinfecção em pacientes que apresentarem lesões císticas no fígado, e desta forma diagnosticar e tratar oportunamente.
Referência(s)