Artigo Acesso aberto Produção Nacional

NOCHE Y NIEBLA: O TESTEMUNHO COMO RETRATO DA VIOLÊNCIA EM UM CONTO DE MERCÈ RODOREDA

2018; Volume: 2; Issue: 6 Linguagem: Português

10.32988/813

ISSN

2238-4502

Autores

Gabrielly Aparecida Araújo, Kátia Aparecida da Silva Oliveira,

Tópico(s)

Literature, Magical Realism, García Márquez

Resumo

A literatura de testemunho, que teve seu ápice no século XX, tem sido uma área de grande crescimento nos estudos literários atuais e hoje constitui um campo bastante extenso de produção e análise. Pode-se dizer que a literatura de testemunho está ligada à catástrofe e à violência sofrida no decorrer do século supracitado, que, como dito por Hobsbawn (1994), foi considerado a “era das catástrofes” pela imensa quantidade de barbáries articuladas em tão pouco tempo. Ao tratar do testemunho, ou da memória, deparamo-nos com duas correntes principais de criação, dentro das quais grande parte das obras pode ser associada. A primeira corrente é a hispano-americana e a segunda linha é conhecida como literatura da shoah. Esses dois principais caminhos da escrita da literatura de testemunho apontam para a busca da objetividade e da denúncia com a vertente hispano-americana, e do intento de representação do horror e sua subjetividade na experiência humana com a shoah, cada uma buscando representar experiências de violência a partir de diferentes pontos de vista, tornando o campo ainda mais interessante e cheio de possibilidades. Seguindo a tradição literária da shoah, muitos escritores espanhóis se tornaram expoentes ao retratar suas experiências e memórias, seja em campos de concentração, no exílio forçado ou nas diversas situações opressoras ocasionadas pelas ditaduras e guerras civis. Dentre eles, destacamos a escritora Mercè Rodoreda, autora de uma extensa produção sobre o tema e da qual se analisou um conto, Noche y Niebla (1981), que trata exatamente da impossibilidade de viver equilibradamente na catástrofe da guerra. O texto apresenta um protagonista que nega qualquer envolvimento com a barbárie que presencia, não se identificando como causador, mas sim como testemunha e como vítima. Seu enredo se passa em um dos inúmeros campos de concentração nazistas, e, apesar de ser breve, apresenta estrutura e elementos extremamente complexos que trabalham especialmente a representação do trauma.

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