A revista Realidade nos anos da mobilização democrática: reportagem e Estado autoritário
2014; UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA; Volume: 11; Issue: 1 Linguagem: Português
10.5007/ejm.v11i1.32338
ISSN1984-6924
Autores Tópico(s)History, Culture, and Society
ResumoO artigo pretende analisar o papel que a revista Realidade desempenhou no processo de resistência democrática nos anos 60. Criada em 1966, a publicação da Editora Abril, reuniu em sua primeira fase, pelo menos até a edição do AI-5, em 1968, uma equipe de profissionais que enfrentou a progressiva construção e hipertrofia do Estado Autoritário iniciada com o golpe de 1964. Apesar disso, pela prática da grande reportagem e pelo sentido inusitado e contemporâneo das pautas com as quais trabalhou, a revista acabou se tornando um veículo transgressor do conservadorismo com o qual a aliança civil-militar que derrubou João Goulart pretendia dar significado à nova ordem que se instalou no país. Menos por seu feitio explicitamente político e mais pelos desdobramentos dos novos padrões de cultura que a publicação ajudou a disseminar, grande parte das matérias que foram veiculadas entre 1966 e 1968 testemunham um dos paradoxos do país em processo de modernização prussiana: a dinâmica cultural que resistia ao fechamento institucional. Realidade foi expressão desse conflito e, certamente também por isso, tornou-se instrumento de resistência democrática.
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