Artigo Acesso aberto

Implantação de centro de custos em serviço de farmácia de uma unidade de saúde da família do litoral sul pernambucano

2020; Volume: 3; Issue: s.1 Linguagem: Português

10.22563/2525-7323.2018.v3.s1.p.54

ISSN

2525-7323

Autores

Maurilúcio Apolinário Filho, João José De Oliveira Filho, Agrinaldo Araújo, Karinna Moura Boaviagem, José Orlando Sousa da Silva,

Tópico(s)

Academic Research in Diverse Fields

Resumo

Introdução: Após o grande desenvolvimento tecnológico e empresarial no decorrer do século XX, a Contabilidade de Custos passou de ferramenta de mensuração e controle, custos e lucro, para um instrumento fundamental para tomada de decisões gerenciais e de gestão. No âmbito da assistência à saúde, a baixa disponibilidade de informações sobre custos constitui fator limitante na fundamentação de ações e políticas públicas estruturantes. Nas organizações públicas de saúde é comum os profissionais acreditarem que não há necessidade de se pensar em custos, já que o governo é o responsável por manter estas instituições. Felizmente, esta visão vem se alterando, tornando-se imprescindível conhecer a composição de gastos e, daí os custos, como um processo norteador das decisões gerenciais, no que diz respeito à melhor utilização dos recursos no atendimento à população. Nesse contexto,considerando que a maioria das intervenções em saúde envolve o uso de medicamentos e outros insumos, é imperativo que a Assistência Farmacêutica se utilize de ferramentas e instrumentos gerenciais apropriados e procedimentos que visam adequação de serviços, maximização dos recursos e redução de perdas e dos custos, além de promover a geração de informações de maneira eficiente e melhor compreensão tanto dos processos gerenciais internos e como a sua correlação com os serviços prestados. Assim, a informação de custos é utilizada como ferramenta de suporte da qualidade do gasto público no setor saúde. Objetivos: Demonstrar o processo de implantação dos Centros de Custos enquanto ferramenta de gestão no SUS no setor de farmácia em uma Unidade de Saúde da Família. Métodos: Tratou-se de um estudo quantitativo de caráter descritivo cuja análise foi feita a partir de dados coletados dos registros de saída de produtos, através de protocolos e formulários de solicitação; e das movimentações de saída alimentadas no Sistema Nacional de Gestão da Assistência Farmacêutica - Hórus para cada departamento da Unidade de Saúde. O processo de implantação iniciou-se através de reuniões com a equipe multiprofissional da Unidade de Saúde (Médico, dentista, enfermeira, técnica de enfermagem e agentes comunitários), onde pudemos definir os setores/departamentos que faziam parte diretamente da prestação de serviços, bem como os itens padronizados utilizados em cada departamento. Foram cadastrados no Sistema Hórus os departamentos: Consultório odontológico; Sala de Curativos; Sala de Prevenção da Mulher; Sala de Vacinas e; Uso geral da unidade. Em seguida foram coletadas todas as movimentações de saída (distribuição) para os departamentos compreendidas no período de 01 de janeiro à 30 de junho de 2018. Não foram contabilizados produtos específicos de odontologia (brocas, resinas, sugadores, etc) e nem materiais de curativos especiais, mas sim, apenas os produtos cuja logística é de responsabilidade do serviço de farmácia. Os dados coletados foram organizados em uma planilha idealizada para esta finalidade, utilizando o programa Excel. Resultados: Constatou-se que o Consultório odontológico e a Sala de Curativos representam os setores de maior custo, com total de R$ 2.235,48 e R$ 5.391,78 respectivamente, no período analisado, representando juntos 95% dos gastos comparados aos demais setores. Dentre eles, encontra-se o setor Sala de Vacinas (0,2%), o qual recebe a maior parte de seus insumos diretamente do Programa Nacional de Imunizações e, por esta razão, utiliza poucos produtos oriundos da farmácia da unidade. Os produtos que representam maior percentual em volume financeiro no setor de curativos foram as ataduras de crepom em tamanhos diversos (19,18%), seguido pelas compressas de gaze estéril (18,71%) e a solução fisiológica de NaCl 0,9% bolsa com 500mL (12,46%). Enquanto que no consultório odontológico, os produtos que tiveram maior consumo foram as luvas de procedimento não estéril (43,04%) seguidas do detergente enzimático (8,95%) utilizado nos procedimentos de esterilização de instrumentais. Inicialmente nas reuniões que foram realizadas, os profissionais da unidade não apresentaram resistência ao processo, mas foram necessárias algumas intervenções de conscientização a respeito das novas rotinas de solicitação e distribuição dos produtos na unidade. Conclusão: Na implantação do centro de custos conseguimos saber quanto custam os materiais utilizados na Unidade de Saúde em estudo e, dessa forma, poderemos realizar comparações com outros serviços. Além disso, podemos a partir dos dados de consumo, analisar a viabilidade de se manter ou aperfeiçoar determinado serviço prestado, rastrear os custos por unidades operacionais (departamentos, divisões) e por objeto (tipo de serviço); A análise dessas informações poderão ser utilizadas como indicadores de resultados e de processos, numa dimensão não apenas financeira, mas também como subsídio nas tomadas de decisões gerenciais. A gestão de custos ganha destaque, principalmente se considerarmos que recursos escassos bem gerenciados podem render mais. A consequência, imediata e mais importante, é o aumento da qualidade.

Referência(s)