Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Espaços monstruosos: o Gótico na ficcionalização de Pedra Bonita e de Canudos

2018; UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE; Volume: 23; Issue: 47 Linguagem: Português

10.22409/gragoata.2018n47a1185

ISSN

2358-4114

Autores

Hélder Brinate Castro, Godofredo De Oliveira Neto,

Tópico(s)

Literature, Culture, and Criticism

Resumo

Ao contrário do que a crítica e a historiografia literárias dos séculos XIX e XX nos levam a crer, a literatura brasileira apresenta influxos góticos. Nesse contexto, a prosa regionalista desponta como uma ramificação mais desenvolvida da literatura de terror, horror e suspense no Brasil, em que o interior do país, especialmente os sertões, se transforma em um autêntico locus horribilis. Nos romances O reino encantado: crônica sebastianista (1878), de Araripe Júnior, e Os Jagunços: novela sertaneja (1898), de Afonso Arinos, os narradores, ao utilizarem uma retórica macabra e horrorizante para descrever, respectivamente, os movimentos messiânicos de Pedra Bonita e de Canudos, constroem uma paisagem nordestina lúgubre e macabra. Em ambas as narrativas, o espaço não é apenas o palco em que se praticam e sofrem as atrocidades das tramas, mas também é o principal responsável pela constituição de uma atmosfera opressora e funesta. Enquanto O reino encantado descreve o sítio dos rituais da seita de Pedra Bonita de forma a provocar sentimentos de horror e ojeriza, Os Jagunços utilizam-se da natureza sertaneja para explicitar o terror dos soldados republicanos diante dos canudenses.

Referência(s)