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The dam of alqueva and the village of luz: between two solsticies – the etnography of its continuities and changes

2003; Centro em Rede de Investigação em Antropologia; Issue: vol. 7 (1) Linguagem: Português

10.4000/etnografica.2876

2182-2891

Clara Saraiva,

French Urban and Social Studies

Os primeiros estudos para a construção de uma mega-albufeira na zona mais seca do Portugal mediterrânico realizaram-se nos anos 50, em pleno Estado Novo. Para os habitantes da Aldeia da Luz, a 6 km de Mourão, e que seria submergida se o projecto da barragem avançasse, o Alqueva era um mito. Este mito, a que as sucessivas gerações se foram habituando, tornou-se realidade com a retoma dos trabalhos em 1993, os primeiros inquéritos à população sobre o seu destino futuro e a adjudicação da empreitada de construção civil da Nova Aldeia da Luz em 1996. Quando, em Fevereiro de 2002, as obras do paredão da barragem são dadas como concluídas e se procede ao fecho das comportas, a Nova Aldeia da Luz está praticamente pronta a receber os seus futuros ocupantes. Com a barragem de Alqueva tornada realidade, este texto, escrito em Abril de 2003, faz um resumo do que foram os acontecimentos principais e as vivências das pessoas da Luz no período que mediou entre os solstícios de Verão e de Inverno de 2002, já na viragem para o novo ano.