
Deus e deuses nos meandros do Livro do Desassossego: uma função do estilo (God and Gods in The Book of Disquiet: a function of style)
2015; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO; Volume: 5; Issue: 10 Linguagem: Português
10.19143/2236-9937.2015v5n10p48-75
ISSN2236-9937
Autores Tópico(s)Urban Development and Societal Issues
ResumoO vocábulo Deus/deuses aparece cerca de cem vezes no Livro do Desassossego – a obra inacabada de Fernando Pessoa –, entrelaçado à matéria-prima do livro: o dilaceramento, a angústia, a depressão. Algumas leituras da obra de Pessoa enxergam nessa negatividade uma voz profética que declara a morte de Deus e a crise da razão moderna – absolutos destituídos de seu lugar na cultura ocidental. No âmbito da Teopoética, a “resposta” de Pessoa à crise da modernidade pode ser lida como teologia apofática ou, no extremo, como mística da negação. Sem negar a validade dessas leituras, que metodologicamente tendem a vincular o poeta a seu momento histórico, e tomando-as como ponto de partida, o artigo faz uma leitura do Livro do Desassossego, mais particularmente da temática “Deus”, pelo viés metodológico do interesse pelo texto de Pessoa. Assim, por princípio e método, na esteira de Eduardo Lourenço, Manuel Gusmão e outros críticos da obra pessoana, o Deus e os deuses do poeta português configuram construção de linguagem, efeitos de sentido ou, no expresso asserto de Pessoa, “uma função do estilo”.
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