
Vozes em (des)concerto
2022; UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS; Volume: 31; Issue: 1 Linguagem: Português
10.17851/2358-9787.31.1.268-287
ISSN2358-9787
AutoresLuciana Henrique Mariano da Silva,
Tópico(s)Literature, Culture, and Criticism
ResumoO artigo analisa o poema “Os dias de então”, de Claudia Roquette-Pinto (Margem de manobra, 2005, p. 85-86), a partir da estrutura do gênero monólogo dramático, fundamentado segundo Jane Roche-Jaques (2020) e Shira Wolosky (2001). São considerados também os processos de ficcionalização da voz poética (COMBE, 2009/2010) e de endereçamento lírico (CULLER, 2015; SERMET, 2019), para compreender os efeitos da orquestração das vozes presentes no poema. Em “Os dias de então”, há uma voz principal em primeira pessoa, identificada pela autora como Zelda Fitzgerald. A fala de Zelda foi traduzida e adaptada por Roquette-Pinto a partir de um excerto de carta a Scott Fitzgerald. A languidez e delicadeza dessa voz subjetiva em prosa é entrecortada por outras vozes em verso, impessoais, anônimas e de conteúdo violento. O leitor testemunha conexões subterrâneas entre a voz principal e as demais enunciações por meio da brutalidade e do choque, no concerto da cena maior do poema. Tais conexões e referências são rarefeitas e instáveis, recurso frequente na poesia de Claudia Roquette-Pinto. Para compreender o concerto dessas articulações enunciativas e o construto social que as põe em movimento, são levantadas informações biográficas (MILFORD, 2013; BRYER et al, 2002) e confluências entre o gênero carta (SILVA, 2002) e o gênero lírico (ADORNO, 2003).
Referência(s)