Artigo Acesso aberto Revisado por pares

A poética de e Auritha Tabajara: autoficção em "Coração na aldeia, pés no mundo"

2022; UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA; Volume: 16; Issue: 1 Linguagem: Português

10.35499/tl.v16i1.14039

ISSN

2176-5782

Autores

Paulo Marcelino dos Santos, Elizabeth Gonzaga de Lima,

Tópico(s)

Literature, Culture, and Criticism

Resumo

Auritha Tabajara cordelista, mulher Tabajara nordestina LGBTQIA+, elabora uma escrita com tons biográficos em Coração na Aldeia, Pés no Mundo (2018). Essa escritura põe em xeque a questão autoral: no jogo entre duas vozes narrativas, no imbrincamento entre a voz Tabajara e a voz individual, na narrativa da trajetória e das lutas da Auritha personagem. Desse modo, caracteriza-se uma disputa relacionada aos conceitos de autoria e de literatura, contrastando o relato com a experiência vivida, mesclando o coletivo, o biográfico e o estético. Essa apreensão contrastiva de Coração na Aldeia, Pés no Mundo (2018) é feita com base em dois conceitos que contrapõem a noção de sujeito autossuficiente logocêntrico, a partir de diferentes aspectos: a autoficção (FAEDRICH, 2016) e autohistória (SIOUI, 1987). A autoficção é utilizada para compreender como Auritha se transforma em personagem e em objeto de um discurso, como constrói um eu textual, biografico e ficcional, a partir do cordel. A autohistória funciona como um subsídio para interpretar a narrativa de Auritha com base na cosmologia e na filosofia dos povos originários, demarcando o caráter coletivo nessa escrita individual. Portanto, a poética de Auritha Tabajara destaca seu nome próprio e sua integração com a nação Tabajara, em uma moldura constítuida por aspectos estilísticos, performativos, ficcionais e ancestrais.

Referência(s)