
DESDOBRAMENTO DA AUTOBIOGRAFIA EM HETEROBIOGRAFIA
2022; Volume: 18; Issue: 31 Linguagem: Português
10.48075/rlhm.v18i31.28974
ISSN1983-1498
AutoresMirella Carvalho do Carmo, Andréa Portolomeos,
Tópico(s)Literature, Culture, and Criticism
ResumoEste artigo pretende discutir a estreita e conflituosa relação entre autobiografia e poesia em poemas da trilogia Boitempo, de Carlos Drummond de Andrade. A temática mostra-se significativa para a problematização de uma leitura mais ingênua que busca as razões do poema na esfera extraliterária, isto é, na vida do poeta, assim como para uma compreensão mais ampla sobre o sujeito lírico como um complexo elemento ficcional. Para isso, este trabalho baseia-se nas concepções teóricas de Hoisel (2019), Lejeune (2014), Arfuch (2010), Smith (1971) e Iser (1996, 2002), debatendo sobre o espaço autobiográfico na poesia e sobre uma recepção mais astuciosa da lírica memorialística de Drummond. O artigo discute, ainda, com o aporte de Halbwachs (1990), Silva (2009), Miranda (1988) e Santiago (2008, 2004), o ingrediente coletivo das memórias e a ressemantização do sujeito na ficção. As análises dos poemas dialogam com o suporte crítico de Candido (2000), Villaça (2006) e Pedrosa (2011) e visam esclarecer como os textos memorialísticos de Drummond propõem a recriação do passado de um “eu” que se reconhece como “outro” e projeta-se no “outro”, sendo constantemente coescrito no ato da leitura.
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