Artigo Acesso aberto Produção Nacional

ANÁLISE COGNITIVA DOS GESTOS E DA DIREÇÃO DO OLHAR EM NARRATIVAS MULTIMODAIS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

2021; Volume: 9; Linguagem: Português

10.54221/rdtdppglinuesb.2021.v9i1.216

ISSN

1808-7760

Autores

André Lisboa,

Tópico(s)

Language, Discourse, Communication Strategies

Resumo

Nesta dissertação, analisamos o comportamento dos gestos e da direção do olhar em narrativas multimodais do português brasileiro. Partimos da hipótese de que dois articuladores multimodais – especificamente, os gestos e a direção do olhar – configuram-se de modo independente em Espaços Mentais diferentes. A fim de demonstrar como se configuram esses articuladores em contextos narrativos no português brasileiro, selecionamos uma narrativa pessoal proferida pela atriz Marisa Orth no programa semanal “Que História é Essa, Porchat?”, do canal GNT. Em termos metodológicos, dividimos a narrativa em 11 ocorrências multimodais presentes em 3 blocos narrativos: 3 ocorrências presentes no bloco “Exposição”, a apresentação dos fatos iniciais; 5 ocorrências do bloco “Clímax” que se refere ao conflito, o momento culminante da história e 3 ocorrências do bloco “Desfecho”, a conclusão do conflito. Em primeiro lugar, analisamos as escolhas linguísticas de cada ocorrência, e em seguida, partimos para a análise multimodal das ocorrências, com respaldo na identificação e descrição dos núcleos (strokes) gestuais e, posteriormente, identificamos a forma do gesto, levando em consideração os parâmetros do Sistema Linguístico de Anotação Gestual (LASG). No que diz respeito à marcação de Espaços Mentais pelos gestos, utilizamos os parâmetros que relacionam os gestos com o segmento da narração em que determinada interação se aloca, seja ele parte de uma interação no aqui-agora (Ground) ou parte de uma interação no contexto narrativo (Espaço Narrativo). Já no que diz respeito à marcação de Espaços Mentais pela direção do olhar, utilizamos as categorizações que verificam se o olhar de um narrador representa o olhar de uma personagem (no Espaço Narrativo) ou o olhar do próprio narrador na interação (no Ground). Apenas nos casos em que os gestos marcaram o Espaço Narrativo, analisamos logo após, se eles se configuram como gestos do ponto de vista do observador (O-VPT) ou como gestos do ponto de vista da personagem (C-VPT). Ainda nesses casos, analisamos os gestos quanto à sua função dominante no interior da narrativa: representação, expressão ou apelo. Do mesmo modo, somente nos casos em que a direção do olhar marcou o Espaço Narrativo, analisamos, também, a sua função no interior da narrativa: i) encenação da personagem e ii) narração propriamente dita. Os resultados demonstraram que a marcação predominante de Espaços Mentais pelos gestos foi a marcação do Espaço Narrativo e que a marcação predominante de Espaços Mentais pela direção do olhar foi a marcação do Ground.

Referência(s)