RABECAS E BOIS NA ESCUTA DE TERRITÓRIOS INESPERADOS
2021; UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO; Issue: 50 Linguagem: Português
10.12957/espacoecultura.2021.65165
ISSN2317-4161
AutoresAlessandro Dozena, Caio Augusto Toledo Padilha,
Tópico(s)Brazilian cultural history and politics
ResumoO Boi de Reis, Bumba-meu-Boi, Boi de Mamão, Boizinho, Boi Calemba, e mesmo o Cavalo Marinho - que é uma das variações da brincadeira do "Boi de armação" no Brasil - fornecem molduras abrangentes por meio das quais a rabeca ganha sentido de expressão cultural em diferentes territórios. Essas expressões abrigam algumas das interações interétnicas cujas particularidades sonoras e geográficas se misturaram no repertório de canções tocadas, criadas e improvisadas. Os elementos sonoros e territoriais entre bois e rabequeiros - que dançam e cantam, plantam e pastoreiam enquanto tocam seus instrumentos tradicionais - expressam certos territórios sonoros inesperados, ao mesmo tempo em que desafiam nossos modos de escuta mais triviais. O texto objetiva destacar um modo de escuta em que as sonoridades são espacialmente decifradas em termos territoriais, sugerindo novas percepções, novas racionalidades das práticas musicais e identitárias que, distribuídas em territórios sonoros, articulam bois e rabecas em diferentes regiões do Brasil. Se as práticas e os instrumentos musicais se estabeleceram historicamente em conjuntos de territórios, as rabecas instituíram distinções diante das outras práticas sonoras não ligadas aos Bois - tais como os violinos em contextos sinfônicos. E se tais distinções também são percebidas por nossa escuta e intelecto, elas fazem circular significados e valores que fornecem as bases socioculturais para uma relação entre música, território e identidade; entre Bois, rabecas e regionalidades sonoras, que se expressam enquanto linguagem espacial, intrínsecamente conectadas com as sonoridades reminiscentes de seus territórios.
Referência(s)