Óbitos infantis, óbitos fetais e causas obituárias compartilhadas: implicações e nova perspectiva analítica da mortalidade infantil
2022; Linguagem: Português
10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/causas-obituarias-compartilhadas
ISSN2448-0959
Autores Tópico(s)Child Nutrition and Water Access
ResumoNo biênio 2018/2019, constatou-se que cerca de 64% das mortes infantis no Estado do Espírito Santo, Brasil, resultaram de causas obituárias comuns aos óbitos fetais, qualificando-os na condição de eventos mutuamente exclusivos típicos, em que a ocorrência de um deles, exclui sintomaticamente a ocorrência do outro pela mesma causa obituária, estabelecendo-se, assim, uma relação inexorável de interdependência excludente, associando inversamente as ocorrências entre eles. Suscitando a questão sobre as implicações desta relação na perspectiva analítica do fenômeno da mortalidade infantil, questão essa que se tornou norteadora na condução deste trabalho. A partir da qual formulou o objetivo de analisar esta relação tendo em perspectiva desvelar a complexidade do fenômeno da mortalidade infantil, trazendo à luz novos elementos até então desconhecidos. Neste sentido, como base metodológica da análise empírica, focada no Estado do Espírito Santo, formulou modelo teórico/conceitual possibilitando analisar simultaneamente os dois eventos, considerando-os diferenciados conceitualmente, porém, inter-relacionados, demonstrando empiricamente, a existência de um dinâmica cíclico intrínseco ao fenômeno, sustentado por forças endógenas originárias da relação de interdependência excludente, resultante do compartilhamento de causas obituárias entre mortes infantis e fetais. Daí, em resposta à questão norteadora, concluiu-se, pela necessidade urgente de repensar a análise da mortalidade infantil, rompendo a tradição restrita unicamente aos óbitos de crianças de 0 a 1 ano de idade, sob o risco de erros grosseiros na interpretação da realidade. Consoante ao objetivo delineado, analisou a interação entre essa dinâmica endógena e forças exógenas emanadas de fatores estruturais restritivos (pobreza, saneamento etc.), desvelando novos elementos inerentes à complexidade do fenômeno, como, por exemplo, sobre a ação híbrida de forças exógenas e endógenas na determinação das taxas de mortalidade infantil, dentre outros. Por fim, amarrando os vários pontos abordados, este trabalho demonstra a validade da tese que identifica na interação entre mortes fetais e mortes infantis por causas obituárias comuns, a origem de forças endógenas autônomas, dando sustentação a uma dinâmica cíclica endógena, através da qual irradia seus efeitos nefastos por todo o universo da mortalidade infantil, alterando sistematicamente cenários da realidade.
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