Artigo Acesso aberto Revisado por pares

SIMILARIDADE TEXTUAL ACADÊMICA

2015; FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO; Volume: 22; Issue: 1 Linguagem: Português

10.17696/2318-3691.22.1.2015.17

ISSN

2318-3691

Autores

Alexandre Lins Werneck, Márcia Castanhole,

Tópico(s)

Science and Science Education

Resumo

No Brasil, a produção científica progrediu muito nas últimas décadas. Em 1993, estávamosem 24º lugar, em um rankingde 25 países com maior produção. Em 2007, subimos para a 17ª posiçãoe terminamos 2012 na 13ª posição, logo abaixo da Coreia do Sul. O destaque das publicações é aMedicina Clínica, que no período de 2003 a 2007 tinha 14.324 artigos dessa área, no acervo de 1%dos artigos mais citados do mundo. O país deu salto de 144%, no período de 2008 a 2012, com 34.957artigos(1).O que poderia ser motivo de orgulho para a comunidade acadêmica, é manchado por umaprática que está colocando toda a comunidade científica em alerta: a similaridade textual, ou falandosem rodeios, o plágio e o autoplágio! ”De forma geral, o plágio acadêmico se configura quando há aapropriação de ideias, processos, resultados ou palavras de outro autor como se fossem daquele queos utilizou.” A configuração de Autoplágio é quando reutilizamos aproximadamente de 30% daquiloque já publicamos(2).A prática da similaridade textual é comum em diversas publicações científicas e precisa sercombatida. Essa prática prejudica a carreira de um profissional de maneira indelével, mesmo nos anosiniciais da carreira acadêmica.A revista ProceedingsoftheNationalAcademyofSciencesofthe UnitedStatesofAmerica(PNAS)(3) mostrou que as retrataçõespor erros ocorreramem 21,3% das publicações,em um total de 2.047 artigos indexados no repositório Pubmed. De acordo com o estudo, a máconduta acadêmica foi responsável por 67,4% das retratações, sendo que dessas, 43,3% foram porfraude ou suspeita de fraude, 14,2% por publicações duplicadas e 9,8% por plágio. Os países que maisresponderam pelas retratações foram Estados Unidos, Japão, China e Alemanha.A definição do que é plágio, parece muito simples, porém abre um pretexto para a discussãode inúmeras questões. Podemos afirmar que existem cinco tipos de citações: citaçãodireta, quandoocorre a transcrição literal de textos deoutros autores, os quais devem vir, obrigatoriamente, entreaspas,com alusão a autor, obra, ano e página em que se encontrao texto citado; citação indireta ou livre,quando se reproduzemideias e informações, sem, contudo, haver a transcriçãofiel do texto do autororiginal; citação de citação, quandohá impossibilidade de usar o texto original, reproduzindo-sedessamaneira a informação já citada por outros autores; citaçãoem textos ensaísticos ou literários, commaior liberdadede forma; e, finalmente, citação de informações extraídas dasredes eletrônicas, quandose faz necessária também a referênciaa fontes utilizadas em pesquisas no meio eletrônico(4).No Brasil, um estudo realizado por comparação de toda publicação aprovada no Encontro deEstudos de Estratégia (3Es) de 2005 com o anterior, realizado em 2003, assim como a publicação nosanais do EnAnpad1, de 1997 a 2005, revelou que dos 100 artigos investigados, 52 estavam isentos deproblemas e 48 foram submetidos a uma análise mais rigorosa para detecção de similaridade textual(5).Descobriu-se queem 48 artigos existia similaridade com outros artigosjá publicados, dos quais metadereproduziram partes de trabalhosanteriores dos mesmos autores, ou seja, autocitação, que variou entre3% e 96% de similaridade. A autocitação passa a ser um problema, pois quando publicamos um artigo,os direitos autorais passam a ser da revista que publicou o artigo. Assim, acreditam os autores quequando encontramos em um artigo um parágrafo com sete ou mais palavras, em sequência, com umaconstrução idêntica à de outro anteriormente escrito, é impossível que essa citação seja “original” doautor e não simplesmente uma reprodução, sem a devida citação.As universidades e instituições de pesquisa precisam assegurar a alunos, professores epesquisadores, orientações mais do que suficientes relativas à integridade cientifica, visto queantigamente as considerações para se escrever um artigo eram outras, e influenciaram o modo comoa comunidade científica escreve artigos(3). É necessário colocar em prática a política a proposta daFAPESP em seu Código de Boas Práticas Científicas. Segundo Carlos Henrique de Brito Cruz, diretorcientífico da FAPESP, “as universidades e instituições de pesquisa no Estado de São Paulo apoiadaspela FAPESP devem definir políticas e procedimentos claros para lidar com a questão da integridadecientífica e ter um ou mais departamento ou órgão interno voltado a promover as boas práticas científicas1 EnAnpad = Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em AdministraçãoArq. Ciênc. Saúde. 2014/Jan-Mar; (21(1) 1-1010por meio de programas regulares e para investigar e punir os eventuais casos de má conduta”. Porém, afunção mais importante desempenhadapelas instituições não deve ser exclusivamente o da investigaçãoe da punição de eventuais casos de má conduta, mas, deve sim,integrar a cultura de integridadecientífica nas instituições de forma permanente.Todos os pesquisadores, alunos de graduação e pós-graduação precisam ter em mente que ametodologia de trabalho requer atenção permanente. Ao incluir uma descrição metodológica de outremem seu trabalho como se fosse sua, a atenção deve se redobrada, pois essa prática éperniciosa. Ainternalização de uma cultura de confiabilidade está mudando as formas de lidarmos com a fiscalizaçãodas boas práticas científicas, portanto, é necessário redobrar a atenção, pois quando se está atento aoerro, este é percebido com mais facilidade.Não cometa a fraude por falta de atenção e informação!

Referência(s)
Altmetric
PlumX