Artigo Acesso aberto Produção Nacional

Sistema Repressivo e Aparelhamento do Estado na Década de 1930: o Cerco Policial aos Trotskistas (São Paulo, 1928-1938)

2021; Volume: 4; Issue: 8 Linguagem: Português

10.56242/revistaveredas;2021;4;8;194-232

ISSN

2595-3508

Autores

Alzira Lobo de Arruda Campos, Manoel Francisco Guaranha, Rafael Lopes de Sousa,

Tópico(s)

Brazilian cultural history and politics

Resumo

A repressão aos trotskistas brasileiros copiava métodos aplicados na esfera internacional, marcada por expurgos e assassinatos violentos dos opositores de Joseph Stálin. Refletidos na historiografia, esses expurgos contaminaram as versões historiográficas, relegando ao esquecimento os prototrotskistas e diminuindo a sua atuação nas esquerdas nacionais. Um dos objetivos deste estudo é o de contribuir para que a inserção dos aderentes à Oposição de Esquerda Internacional, em sua corrente brasileira, lance maiores luzes sobre o tema, em aliança estreita com historiadores nacionais e internacionais, como Robert J. Alexander e Dainis Karepovs. Originalidade: Com base em documentos de primeira mão, esta análise privilegia a experiência dos atores, buscando perceber o que acontece no processo inacabado de uma narrativa e conduzindo uma reflexão em outros termos que não sejam os de uma totalização implícita constante das versões oficiais sobre o Partido Comunista Brasileiro. Metodologia: À metodologia tradicional, baseada em conceitos oriundos do materialismo histórico, juntam-se procedimentos indicados pela micro-história, considerando como fundamentais e levando a sério as migalhas de informações, essenciais para que possamos compreender como os detalhes individuais e os retalhos de experiências das vidas de alguns indivíduos permitem que se chegue a lógicas sociais e simbólicas do grupo de comunistas no Brasil ou mesmo a conjuntos muito maiores, relacionados à luta revolucionária travada pelo proletariado contra a burguesia, classicamente considerada como o motor da história. Conclusões: A repressão aos prototrotskistas funcionou em dupla face, uma vez que estiveram em luta permanente contra o aparelho repressor do Estado e as medidas tomadas pela Comissão Central do PCB, em obediência às diretrizes ordenadas por Stálin. A dupla clandestinidade a que estavam sujeitos transformou os trotskistas em alvos fáceis e preferenciais da repressão, agravando a sua vida nas prisões e contribuindo de modo decisivo para o ocaso da Liga Comunista Internacionalista no Brasil.

Referência(s)