Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Contra a “avalanche dêsse género de literatura importada e de grande penetração popular”

2022; Editora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (EDIPUCRS); Volume: 48; Issue: 1 Linguagem: Português

10.15448/1980-864x.2022.1.41528

ISSN

1980-864X

Autores

Ivan Lima Gomes,

Tópico(s)

Gender, Sexuality, and Education

Resumo

A publicação de histórias em quadrinhos no Brasil consolidou-se durante os anos 1940 e 1950 a partir de editoras voltadas à produção e distribuição de revistas em quadrinhos. Uma das consequências desse cenário foi a manifestação de vozes críticas à presença dessa forma de expressão no Brasil. Mídia associada, então, aos Estados Unidos, os quadrinhos eram acusados de serem uma expressão alheia à cultura brasileira. Na esteira destas restrições críticas, seguiram-se reivindicações de artistas brasileiros que passaram a defender espaço no mercado de quadrinhos para criadores locais, exigindo que fossem valorizados temas e personagens associados à cultura popular e à história do Brasil. Tais movimentos se articularam em torno de associações de desenhistas, que avançaram na crítica ao imperialismo dos Estados Unidos e fizeram ecoar suas demandas junto a setores da imprensa e da classe política. O artigo descreve essa história, analisando a formação de associações de desenhistas nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, suas repercussões no jornal Última Hora e o que consideramos como ápice deste movimento: a constituição de uma cooperativa de artistas de quadrinhos em Porto Alegre, entre 1961 e 1964 – a Cooperativa Editora e de Trabalho de Porto Alegre (CETPA). Analisamos essa história como um momento importante para a constituição – não sem percalços e tensões – de uma identidade cultural brasileira sobre os quadrinhos, inspirada, em grande medida, no estabelecimento de um contraponto crítico em relação aos comics dos Estados Unidos.

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