
Mercosul perante a pandemia: entre a divergência ideológica e a crise de governança regional
2022; Volume: 10; Issue: 2 Linguagem: Português
10.51861/ded.dmvdo.2.m.005
ISSN2763-7778
AutoresLorena Granja Hernández, Guilherme Fenício Macedo,
Tópico(s)Social and Political Issues
ResumoA pandemia do Covid-19 chegou em um contexto de estagnação do Mercosul. Pelas divergências ideológicas entre os governos, não houve a capacidade de articular coerentemente uma resposta regional à pandemia. Em seus 30 anos, o Mercosul tem passado por tais contextos em variadas oportunidades, mas no último ano as condições para gerar consensos tem se enfraquecido como nunca. Tal situação é compartilhada por outras experiências regionais, o que tem levado a considerar a governança regional sul-americana em estado de crise. O artigo propõe analisar as respostas à crise sanitária dadas pelo Mercosul como instância para a construção de governança regional. Tem como hipótese que a divergência ideológica gerou uma infra exploração das capacidades institucionais do Mercosul prévias à pandemia. Propomos analisar o conteúdo das medidas tomadas pelo Mercosul no Conselho do Mercado Comum (CMC), no subgrupo de trabalho do Grupo Mercado Comum (GMC) número 11 sobre Saúde (SGT nº11-Saúde), nas Reuniões Ministeriais de Saúde (RMS) e na Comissão de Desenvolvimento Sustentável, Ordenamento Territorial, Habitação, Saúde e Meio Ambiente (CDS.OT.H.S.MA) do Parlasul; com o intuito de identificar as medidas conjuntas tomadas para gestionar a pandemia. O artigo avalia as decisões tomadas nas instâncias do Mercosul no período 2020-2021 e traça a maior parte das dificuldades encontradas em tais negociações. Finalmente, são esboçadas as conclusões da análise empírica que apontam a corroborar a hipótese de que a divergência ideológica intergovernamental contribuiu para aumentar a estagnação do Mercosul perante a emergência sanitária no contexto prévio de crise da governança regional sul-americana a partir de uma subutilização das capacidades institucionais do bloco. As instâncias institucionais analisadas não foram suficientemente exploradas para o melhor tratamento coletivo da crise gerada pela pandemia.
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