Artigo Acesso aberto Produção Nacional

A importância da técnica dentro da psicanálise e as críticas de Heidegger deste tecnicismo reducionista do Dasein

2022; Editora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (EDIPUCRS); Volume: 15; Issue: 1 Linguagem: Português

10.15448/1983-4012.2022.1.43157

ISSN

1983-4012

Autores

José Jacques dos Santos,

Tópico(s)

Psychoanalysis and Psychopathology Research

Resumo

Mostraremos que as críticas de Heidegger acerca das teorias freudianas e até mesmo da metodologia psicanalítica, partem de um certo desconhecimento do filósofo de que Freud está lidando com o fenômeno do setting analítico e este se impõe como o elemento fundamental da psicanálise. O aprimoramento e o refinamento da técnica é o objetivo máximo da psicanálise. O reducionismo mecânico dos fenômenos psíquicos se sustenta no fato da psicanálise ser, necessariamente, uma práxis. Discorremos que o constructo heideggeriano Dasein incorpora uma nova maneira de pensar o homem e seu mundo. O conceito de ser-no-mundo retrabalha a posição do ser humano, consequentemente, modificando os conceitos de psique, psicologia e consciência. Isso dará substrato maior ao trabalho importante de Freud de questionar os limites dos conceitos da lógica pura e soberana. Mas, ao mesmo tempo, abre o campo da possível desconstrução da objetivação da psique. A desconstrução também atinge a possibilidade do repensar toda a mitologia metafísica presente na metapsicologia freudiana. Propomos que haverá um encontro de ambos os autores que vagam por vias diferentes. Freud questiona a primazia da lógica e suas limitações ao propor o funcionamento da lógica do inconsciente. Heidegger questiona também essa lógica vigente, chegando a reformular os próprios paradigmas que sustentam tanto a metafísica quando a cientificidade. A conclusão aqui apresentada seria que ambos os autores pensam de forma crítica a psique humana e a consciência. Freud parte de seu trabalho clínico, da necessidade de lidar com o fenômeno do inconsciente e de teorizar conceitos e um método para lidar com ele. Heidegger, de outro extremo, parte para uma reformulação crítica de todo o campo dos fenômenos psicológicos: a consciência, a cura, a doença etc. Evita, no entanto, cair em um reducionismo desses fenômenos, como acontece quando eles são objetos manipuláveis na mecânica da técnica psicanalítica.

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