Abordagem Terapêutica ao paciente vítima de acidente botrópico: uma revisão de literatura
2022; Volume: 15; Issue: 1 Linguagem: Português
10.22280/revintervol15ed1.501
ISSN1984-3577
AutoresIara Maria Oliveira de Carvalho, Ana Carolina Araújo de Queiroga Lima, Ana Lice Mendes Costa, Marly Rios Gaspar de Oliveira, Rebeca Karollyne Rolim Ribeiro, Natália Bitú Pinto,
Tópico(s)Rabies epidemiology and control
ResumoIntrodução: No Brasil, são registradas aproximadamente 250 espécies de serpentes, ¼ destas sendo peçonhentas, portadoras de glândulas para a produção e secreção de venenos. Ainda em território nacional, cerca de 90% dos acidentes ofídicos são desencadeados pelas cobras conhecidas como jararaca, jararacuçu, urutu e caiçara. Assim, desde 1988 eventos associados ao gênero Bothrops devem ser notificados compulsoriamente. Geograficamente, os ataques são mais predominantes nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A faixa etária registrada é ampla, variando entre 15 e 49 anos, sendo mais prevalente no sexo masculino. Já a toxicodinâmica do veneno botrópico se evidencia por meio de ação coagulante, proteolítica e vasculotóxica, determinando as formas leve, moderada ou grave, com manifestações locais ou sistêmicas. Metodologia: Tratou-se de uma revisão integrativa de literatura realizada no mês de maio de 2021 com abordagem qualitativa e descritiva. Como tópicos norteadores, foram considerados a apresentação clínica, o diagnóstico e a abordagem terapêutica para acidentes ofídicos desencadeados pela Jararaca. Para a busca, foram utilizadas as bases de dados Scielo, PubMed, Lilacs e portal PLOS, além dos descritores em ciências da saúde “veneno”, “bothrops” e “mordeduras de serpentes”. Foram admitidas pelos critérios de inclusão produções com texto completo disponível publicadas entre os anos 2001 e 2020, nos idiomas Português e Inglês. Foram excluídos artigos duplicados e com desvios à temática. Ao todo, 15 estudos foram incluídos. Levantamento bibliográfico: A abordagem ao paciente está intrinsecamente relacionada ao reconhecimento e à condução precoce do quadro clínico a partir da anamnese acurada e do exame físico direcionado. Sabe-se que o veneno da Bothrops se constitui por várias classes de toxinas importantes. Nesse sentido, as manifestações clínicas dependerão do tempo decorrido após a picada, sendo percebida nas primeiras 06 horas reação inflamatória aguda local. Caso o atendimento seja tardio, pode haver evolução para efeitos sistêmicos: coagulopatia de consumo, potencialização do efeito hemorrágico, choque cardiovascular, possibilidade de desenvolver insuficiência renal aguda e progressiva cronicidade em razão das agressões irreversivelmente sofridas. A investigação laboratorial é pertinente para o fechamento do diagnóstico e exames complementares devem ser solicitados seguindo o raciocínio clínico-temporal. Por conseguinte, o tratamento consiste em associar medidas gerais e específicas, de modo que a equipe deve estar capacitada para avaliar a gravidade do acometimento e determinar a quantidade de substância antiofídica a ser administrada. Para a neutralização da ação tóxica, preconiza-se a utilização de soro antibotrópico via intravenosa o mais precocemente possível. Grande parte dos acidentes ocorrem, no entanto, em zonas rurais sem acesso à soroterapia, demandando assim a investigação de novas associações nos reinos animal, vegetal e mineral para que a conduta contra o envenenamento botrópico seja mais acessível e disseminada. Conclusão: o acometimento à população economicamente ativa, a frequência e alto índice de morbimortalidade sinalizam o acidente botrópico como um grave problema de saúde pública. Embora efetivo, o atraso para administração correlacionado à má distribuição do soro é um forte agravante para o quadro de envenenamento, sugerindo urgência e agilidade. Adicionalmente, carecem pesquisas mais amplas acerca da utilização dos compostos vegetais e sintéticos nas mais recentes terapêuticas.
Referência(s)