
A INIBIÇÃO DA AUTOFAGIA POTENCIALIZA O EFEITO ANTINEOPLÁSICO DE INIBIDORES DE FLT3 EM MODELO CELULAR DE LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA
2022; Elsevier BV; Volume: 44; Linguagem: Português
10.1016/j.htct.2022.09.320
ISSN2531-1387
AutoresMA Melo, NP Fonseca, ABA Silva, BA Fenerich, BGS Macedo, João Agostinho Machado‐Neto, F Traina,
Tópico(s)Acute Myeloid Leukemia Research
ResumoMutações no gene FLT3 atingem cerca de 30% dos pacientes com leucemia mieloide aguda (LMA), sendo a FLT3-ITD a mais frequente e relacionada a pior prognóstico. O desenvolvimento de inibidores de FLT3 representou um avanço no tratamento da LMA, pois reduzem a proliferação celular e melhoram a sobrevida dos pacientes. Contudo, a limitação clínica no tratamento com essas drogas representa uma oportunidade de investigar combinações de fármacos que resultem em melhores resultados terapêuticos. O presente estudo tem como objetivo verificar se inibidores de FLT3 induzem autofagia e se a inibição deste processo potencializa seu efeito anti-leucêmico. A linhagem celular MOLM-13, portadora da mutação FLT3-ITD, foi submetida ao tratamento com os fármacos inibidores de tirosinoquinase midostaurina (3.125-100 nM) e quizartinibe (0.625-20 nM) por 48 horas para acessar a viabilidade e sobrevivência das células. Após isso, as células foram tratadas com midostaurina a 6.25, 12.5 e 25 nM e quizartinibe a 0.625, 1.25 e 2.5 nM e posteriormente analisadas quanto ao surgimento de autofagia através da detecção da sonda celular de livre-permeabilização laranja de acridina em citometria de fluxo. Após isso, as células foram tratadas com os inibidores de FLT3 associados à cloroquina (5 e 10 μM) ou bafilomicina (2.5 e 5 nM), ambos inibidores de autofagia, com posterior análise de viabilidade celular utilizando metiltiazoltetrazólio (MTT) e mensuração de absorbância. A concentração inibitória média (IC50) para o tratamento com midostaurina e quizartinibe em células MOLM-13 foi de 25.5 nM e 1.8 nM, respectivamente. O tratamento com midostaurina e quizartinibe induziu a autofagia, fato evidenciado pelo aumento da formação de organelas vesiculares ácidas (AVO): 9% veículo; 30% e 41% para midostaurina a 12.5 e 25 nM, respectivamente; 42% e 40% para quizartinibe a 1.25 e 2.5 nM, respectivamente (p≤0,05). O tratamento com midostaurina (6.25, 12.5 e 25 nM) ou quizartinibe (0.625, 1.25 e 2.5 nM) combinados à cloroquina nas doses de 5 μM ou 10 μM reduziu a viabilidade celular em pelo menos 40% comparado ao uso dos inibidores tirosinoquinase de maneira isolada (p≤0,0001). O tratamento com midostaurina (6.25, 12.5 e 25 nM) associado à bafilomicina a 2.5 nM ou 5 nM, por sua vez, alcançou pelo menos 60% de redução na viabilidade celular (p≤0,0001). Similarmente, o tratamento com quizartinibe (0.625, 1.25 e 2.5 nM) combinado à bafilomicina culminou na redução em pelo menos 50% da viabilidade celular comparado à monoterapia com o inibidor de FLT3 (p ≤ 0,001). Os resultados sugerem que o aumento do fluxo autofágico consequente da terapia com inibidores de FLT3 é um mecanismo que limita a eficácia terapêutica dessas drogas, e que a terapia combinada com inibidores de autofagia pode revelar-se uma estratégia promissora, além de contribuir para a elucidação de mecanismos de resistência adquiridos por células leucêmicas aos inibidores de FLT3. Estes achados serão complementados com estudos de apoptose e proliferação celular, bem como em modelo animal de xenoenxerto. Pode-se concluir, portanto, que os inibidores da atividade tirosinoquinase de FLT3, midostaurina e quizartinibe, induzem a autofagia e seu efeito anti-neoplásico é potencializado pela inibição farmacológica do processo autofágico.
Referência(s)