Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

ANEMIA SEVERA SECUNDÁRIA À SÍNDROME DE RENDU-OSLER-WEBER: UM RELATO DE CASO

2022; Elsevier BV; Volume: 44; Linguagem: Português

10.1016/j.htct.2022.09.012

ISSN

2531-1387

Autores

CV Niero,

Tópico(s)

Esophageal and GI Pathology

Resumo

Relatar um caso de anemia severa em uma clínica no Sul de Santa Catarina. Os dados foram obtidos através de revisão dos prontuários e resultados de exames do paciente. Paciente do sexo masculino, 76 anos, sem vícios, encaminhado ao serviço de hematologia por conta de anemia crônica. O paciente apresenta histórico de epistaxe desde a infância com repetidos episódios recentemente. Relata realização de cauterização gástrica prévia devido hemorragia há 3 anos, porém sem melhora completa do quadro. Paciente em uso de medicação contínua devido hipertensão arterial sistêmica e dislipidemia. Alega histórico familiar de sangramentos em uma irmã e primos, assim como histórico pessoal de artrodese lombar por hérnia discal, colecistectomia, artroplastia de joelho há 5 anos e cirurgia de revascularização miocárdica há 9 anos. Paciente traz exame prévio de endoscopia digestiva alta com evidência de telangectasias vasculares gástricas difusas. Exames laboratoriais atuais apresentam hemoglobina: 8,0 g/dL, hematócrito: 26,3%, VCM: 84,84 pg, CHCM: 30,42 g/dL, RDW: 19%, leucócitos: 5000/mm3, plaquetas: 250.000/mm3. Ferritina de 4,6 ng/mL há 2 anos e atualmente de 34,8 ng/mL. Ferro sérico: 15 mcg/dL. Ao exame físico apresenta telangectasias em palmas das mãos, lábios, língua e palato. Há 3 semanas evoluiu com piora da anemia chegando a valores de 6,5 g/dL de hemoglobina por conta de sangramento digestivo, momento no qual precisou de transfusão de hemácias. A síndrome de Rendu-Osler-Weber, também conhecida como Telangiectasia Hemorrágica Hereditária (THH), é comumente descrita na literatura com sinais de epistaxe, sangramento gastrointestinal, telangiectasia mucocutânea característica e presença de anemia ferropriva ao hemograma. Neste cenário, todas as características revisadas foram observadas no caso relatado, confirmando assim o diagnóstico de acordo com a história clínica. Apesar de o paciente retratado possuir histórico familiar positivo de sangramento, nem todos os casos o apresentam. No entanto, este não é fator obrigatório para o diagnóstico. Estudos mostram que a epistaxe geralmente é a primeira apresentação clínica devido às malformações arteriovenosas que podem estar presentes em diversos órgãos. A literatura também relata que os sinais geralmente não estão presentes desde o nascimento, mas sim com a progressão da idade. Desta forma, é explicado o diagnóstico tardio no caso do paciente retratado apesar da presença de epistaxe a longo prazo. A síndrome de Rendu-Osler-Weber é uma doença rara e o diagnóstico deve ser considerado em pacientes que apresentam epistaxes de repetição com consequente anemia crônica, assim como telangectasias mucocutâneas características. O tratamento é realizado de forma paliativa. Desta forma, o paciente relatado recebeu orientações sobre sinais de alarme e foi aconselhado a realizar exames de controle com frequência.

Referência(s)