Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

INFILTRAÇÃO MEDULAR POR LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA (LMA) E TUMOR SÓLIDO (TS) METASTÁTICO: RELATO DE CASO

2022; Elsevier BV; Volume: 44; Linguagem: Português

10.1016/j.htct.2022.09.330

ISSN

2531-1387

Autores

TMD Gese, ABM May, AM Pires, FFL Queiroz, IPD Santos, M Higashi, ÉR Mattos, MM García, IMRM Campoó,

Tópico(s)

Pleural and Pulmonary Diseases

Resumo

Descrever um caso com duas neoplasias concomitantes infiltrando medula óssea (MO), sendo uma delas hematológica e outra, TS. Relato de caso por meio de coleta de dados de prontuário de paciente acompanhado no HAC. Paciente 67 anos, masculino, tabagista (100 anos/maço), ex-etilista, história de inalação de tintas com benzeno (pintor de carros por 30 anos), com astenia e anemia há 4 meses, associado a perda de 25kg. Procurou atendimento em março/22 com diagnóstico de COVID-19 e necessidade de internação hospitalar. Evoluiu com bicitopenia sendo transferido ao HAC para investigação. Ao exame físico: ECOG 3. Hemograma: bicitopenia (Hb 5.8 mg/dL; plaquetas 40000/mm3; leucócitos 13000/mm3; 69% blastos). TC: derrame pleural à direita; raros micronódulos pulmonares; enfisema pulmonar difuso acentuado com áreas de fibrose associadas; linfonodomegalias mediastinais e hilares, lesões osteolíticas esparsas. Mielograma: dispoese das três linhagens, com 24% de células blásticas, além de grumos de células não-hematológicas (TS). Em Citometria de Fluxo (Euroflow): 16% de mieloblastos patológicos, expressando CD7, CD13, CD33, CD34, CD38, CD44, CD71, CD97, CD123. Citogenética: 47,XY,+8. Não foi realizada avaliação molecular. Biópsia de MO: infiltração maciça da medula óssea por tumor sólido. Imunohistoquímica com positividade para: CK7 e TTF-1 e negatividade para: CK20, PSA, PAX-8, CD10, CDX-2, GATA-3. Diagnóstico final: infiltração da MO por adenocarcinoma, favorecido sítio pulmonar, e em área residual, infiltração por Leucemia mieloide aguda, com alteração citogenética associada a mielodisplasia (ELN 2022). Como tratava-se de idoso frágil, sem possibilidade de tratamento intensivo das doenças leucêmica e oncológica, proposto tratamento paliativo exclusivo, com medidas de suporte. Paciente faleceu após 2 meses do diagnóstico. A associação de LMA com TS não é rara. O risco de um paciente previamente tratado para TS desenvolver LMA pode ser até 10 vezes maior que a população normal. Relatos de casos de TS recidivados em MO e LMA concomitantes foram descritos, com desfechos sombrios. Contudo, não há na literatura a descrição de LMA de novo com TS infiltrando MO concomitantes ao diagnóstico. Estudo chinês de 2020, analisou 12 casos de LMA associada a TS primário sincrônicos, sendo: 3 etiologia pulmonar, 1 mama, 1 mola, e 7 com neoplasia de TGI. O intervalo de tempo mediano para o diagnóstico das duas neoplasias foi de 4 meses. O tratamento da LMA foi realizado com quimioterapia (QT) de alta intensidade ou agente hipometilante. A sobrevida global mediana foi de 12.5 meses (porém somente 4/12 tinham TS avançado). Um estudo americano em 2009 analisou 5 pacientes com LMA e tumor de pulmão (2 com doença avançada) sincrônicos. Todos foram tratados com QT de alta intensidade, e a sobrevida média foi de 5 meses (3-21). Este é o primeiro relato de caso de LMA e TS metastático infiltrando MO concomitantemente ao diagnóstico. A LMA deve ser tratada prioritariamente por ser doença altamente agressiva, levando-se em conta as condições clínicas do paciente, com avaliação individual. E mesmo com tratamento intensivo, o prognóstico é reservado.

Referência(s)