Artigo Acesso aberto Produção Nacional

Dioramas e fotogramas em conflito

2022; UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL; Issue: 53 Linguagem: Português

10.19132/1807-8583202253.119976

ISSN

1807-8583

Autores

Márcio Henrique Melo de Andrade,

Tópico(s)

Cambodian History and Society

Resumo

No documentário autobiográfico A Imagem que Falta, o cineasta cambojano Rithy Panh relata suas memórias sobre a instauração da ditadura comunista perpetrada pelo Khmer Vermelho no Camboja entre 1975 e 1979. Um dos atos para implementação desse regime consistiu no apagamento dos arquivos pessoais dos habitantes da cidade de Phnom Penh – álbuns de família, roupas, objetos. Ao mesmo tempo, o regime também produziu filmes de propaganda para representar a ditadura como lugar de harmonia, ordem e progresso, assim como imagens dos prisioneiros nos campos de trabalho. No filme de Rithy Pahn, o diretor retoma esses arquivos e os tensiona com a ausência de imagens que descrevam sua experiência pessoal. Nessa escrita de si alinhavada à elaboração de uma narrativa histórica, Pahn cria pequenos dioramas e bonecos de argila que funcionam como palcos e cenários de suas memórias. Nessa montagem entre fotogramas e dioramas, o diretor toma como forma o ensaio fílmico e seus recursos, como os usos poéticos dos materiais de arquivo, a dialética entre imagens de origens e estéticas distintas e a relação entre imagens factuais e discursos subjetivos. Neste artigo, analisa-se como a forma do ensaio no filme amplia os modos de interpretação da imagem documental e renegocia as formas de escrita da narrativa histórica, compreendendo como ambos se atravessam a partir da montagem.

Referência(s)