
O conflito entre a moral e a política e a fraqueza da vontade em Kant
2022; UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA; Volume: 21; Issue: 2 Linguagem: Português
10.5007/1677-2954.2022.e90205
ISSN1677-2954
Autores Tópico(s)Global Peace and Security Dynamics
ResumoKant defende que os passos dados pela política devem antes render homenagem à moral. Em À paz perpétua, ele sustenta que uma possível alegação amparada nas fraquezas da natureza humana não pode ser aceita para negligenciar o caráter sagrado do direito dos homens. A partir dessa visão, o artigo examina, com base na primeira parte de A religião nos limites da simples razão, o tratamento dado pela filosofia moral de Kant ao que geralmente se compreende por fraqueza da vontade. Em geral, a ideia de uma fraqueza da vontade se apresenta assim: eu possuo a crença ou o julgamento de que a ação correta a ser feita é x, porém, em vez de x, faço y. Essa ideia também pode ser apresentada nos termos da famosa declaração bíblica: “Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero”. A expressão fraqueza da vontade comumente designa um conceito cuja discussão remonta a Sócrates, Platão e Aristóteles. A discussão girava em torno do sentido de akrasia, comumente traduzida por incontinência, fraqueza moral ou falta de autocontrole. Defenderei a tese de que a fraqueza da vontade entendida como um abrandamento da tese da incorporação não recebe acolhimento na filosofia prática de Kant, devendo ser entendida, antes, como um vício moral. Desse modo, minha conclusão será de que a defesa em À paz perpétua de que não há como se sustentar, objetivamente, qualquer conflito entre a moral e a política, devendo esta sempre subordinar-se àquela, alinha-se à tese de que a fragilidade da natureza humana deve ser entendida como um grau do mal.
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