Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Rastros, ruínas e decadência: contribuições para uma antropologia dos arquivos

2022; UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; Volume: 65; Issue: 2 Linguagem: Português

10.11606/1678-9857.ra.2022.197956

ISSN

1678-9857

Autores

Bruna Triana,

Tópico(s)

Cultural, Media, and Literary Studies

Resumo

Neste ensaio, proponho pensar o arquivo como cidade e a cidade como arquivo. As análises formuladas ao longo desse itinerário de mão-dupla, que permeiam documentos e ruas, embasam-se em três imagens conceituais: rastro, ruína e decadência. A partir de Maputo, capital moçambicana, problematizo meu trabalho de campo mostrando como esse exercício afetivo e epistemológico de “caminhar-pesquisar” envolve um olhar duplicado sobre o arquivo e a cidade. Esse olhar me levou, de um lado, a analisar os meios de controle e de silenciamento que cercam histórias e memórias presentes em ambos os espaços; de outro, a escavar outros sentidos que ameaçam esses mecanismos. Meu argumento é que o arquivo, como a cidade, é um espaço vivo, repleto de tensões, hiatos e ambiguidades. Por isso, é preciso testar os limites de se pensar, conjunta e comparativamente, o arquivo institucional e o arquivo urbano. Com esse olhar duplicado, problematizo os rastros das histórias oficiais e como elas são negociadas e disputadas – em imagens guardadas pelo Estado ou em monumentos escondidos.

Referência(s)