
Caminhando em solo clássico – Karl Philipp Moritz em Roma: literatura e imaginação histórica
2022; Issue: 16 Linguagem: Português
10.11606/issn.2447-9772.i16p126-151
ISSN2447-9772
AutoresOrlando Marcondes Ferreira Neto,
ResumoNesse artigo abordamos aspectos do pensamento e da sensibilidade histórica de Karl Philipp Moritz. Para tanto, tomamos como fio condutor o topos do “solo clássico”, enfatizado por Moritz no livro a Viagem de um alemão à Itália de 1786 a 1788: um diário de viagem em cartas (Reisen eines Deutschen in Italien in den Jahren 1786 bis 1788: Reisebericht in Briefen). No contexto das viagens formativas à Itália realizadas na década de 1780 por intelectuais e poetas alemães, o termo “solo clássico” (klassische Boden) denota uma relação que Moritz – assim como Goethe, Herder e outros autores de narrativas de viagens dessa época – estabelece entre a imaginação literária e os locais nos quais os eventos retratados pela literatura antiga tiveram lugar. Segundo Moritz, a experiência de ler um autor antigo (ou recordar essa leitura) no local onde os fatos retratados teriam ocorrido seria capaz de ativar, por meio da “imaginação”, a memória histórica, concedendo ao passado uma presença viva. Ao evocar esta experiência do (no) “solo clássico”, Moritz estabelece uma dialética entre imaginação e lugar, literatura e paisagem, linguagem e “solo”. Ele constata que em Roma o antigo persiste imbricado no moderno, seja na paisagem (que inclui a arquitetura, os monumentos, ruínas, o traçado urbano da cidade e a natureza italiana), ou no “povo” italiano (em seus hábitos linguísticos e “culturais”, cerimônias e instituições políticas e religiosas). Trata-se, para ele, por fim, de pensar em que medida, partindo dessas sobrevivências, a Antiguidade pode ser (re)visitada e depurada de suas imbricações com o moderno.
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