Artigo Acesso aberto

Algures entre o Inferno e o Céu

2008; Instituto de Estudos Medievais; Issue: 5 Linguagem: Português

10.4000/medievalista.6378

ISSN

1646-740X

Autores

Carlos Clamote Carreto,

Tópico(s)

French Literature and Poetry

Resumo

Emergindo na confluência do mito e da ideologia, Merlim surge inquestionavelmente como uma das figuras mais persistentes e enigmáticas do imaginário ocidental: daí o seu imenso magnetismo e poder de significação; daí, também, a sua resistência à interpretação. Não é fácil seguir os rastos desta personagem que é, simultânea e alternadamente, rei e louco, velho e eterna criança, homem selvagem e profeta, anjo e demónio, poeta e cronista, emblema do excesso de sentido e do vazio fundador das origens, ao longo de uma tradição literária vasta e complexa, já que a essência de Merlim reside precisamente na anamorfose e na transfiguração que conduzem a uma constante reconfiguração da sua identidade poética, simbólica e ideológica. Enquanto desafio à própria representação, poderá Merlim e o seu corpo-palimpsesto tornar-se emblema dos paradoxos e mutações inerentes à escrita medieval entre os séculos XII e XIII e metaforizar o devir da ficção arturiana que, algures entre o Inferno e o Céu, continua incessantemente em busca do seu lugar no universo?

Referência(s)
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