NADJA DE ANDRÉ BRETON: um itinerário onírico através da deambulação
2022; Volume: 18; Issue: tematico Linguagem: Português
10.26843/dp.v18itematico.3810
ISSN2177-9856
AutoresAndressa Cristina De Oliveira, Thaís De Carvalho Eduardo,
Tópico(s)French Literature and Critical Theory
ResumoRESUMO: Para Jean-Yves Tadié (1994), nas narrativas poéticas, o espaço ganha estatuto de agente ficcional, tal qual as personagens e os narradores no romance. Nesse gênero híbrido, que se equilibra entre o romance e a poesia, a representação espacial está sempre alhures, isto é, constitui uma viagem simbólica que acessa uma esfera de significado que está além do que foi apresentado de maneira concreta na narrativa. Dessa maneira, este trabalho visa analisar a representação onírica do espaço na narrativa poética surrealista Nadja (1982), de André Breton, através das deambulações que movem as personagens errantes envolvidas. Para os românticos, ou pré-românticos como Jean-Jacques Rousseau, o encontro maravilhoso, mesmo que seja com suas próprias reminiscências de outrora como em Les rêveries du promeneur solitaire, deve ocorrer em meio ao espaço e na liberdade da paisagem natural (DOMINGOS, 2009). Entretanto, para o universo imaginário do Surrealismo, herdeiros da modernidade e da flânerie baudelairiana, este lugar concentra-se em Paris e mais precisamente em suas ruas, que são percorridas através da deambulação, em estado de errância e liberdade da livre associação de imagens para representar a cidade. Nadja olha para os espaços reais parisienses e, por meio de criações que desregram os sentidos como uma alma errante e iluminada, retrata uma urbanidade que emerge através de uma percepção onírica, permeada de imagens que se aproximam da pintura e da colagem. Assim, a figura feminina e a paisagem urbana se confundem em uma narrativa poética relegada ao tempo mítico do hasard objectif e do encontro amoroso.
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