
A mudez da escuta e o encanto das palavras
2022; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS; Volume: 11; Linguagem: Português
10.20396/conce.v11i00.8671106
ISSN2317-5737
AutoresMaurício Augusto Perussi de Souza,
Tópico(s)Social Representations and Identity
ResumoO artigo examina o espetáculo Virgin Suicides (2017), concebido pela encenadora alemã Susanne Kennedy para o Münchner Kammerspiele. Partindo do livro homônimo de Jeffrey Eugenides, do Livro tibetano dos mortos e do áudio Psychedelic Experience (1964), de Timothy Leary, a encenadora explora ao limite três de seus estilemas mais recorrentes: o playback, as vozes acusmáticas e as máscaras. É também nesse trabalho que Kennedy evidencia o anseio de aproximar a prática do encenador de algo semelhante a um xamanismo e, assim, de pôr em prática o seu “Teatro Cósmico”. A proposta do artigo é mergulhar na experiência fenomenológica de assistir a Virgin Suicides para, a partir da eleição de fragmentos significativos, examinar o xamanismo perseguido por Kennedy, dando especial atenção às funções desempenhadas pelas vozes gravadas que ressoam em toda a encenação. A investigação tem por base a hipótese de que Kennedy elabora um sistema encantatório de vozes acusmáticas, gerador de espaços-tempo intensivos, que seduzem/conduzem a atenção do espectador, fazendo-o, desse modo, reconhecer-se como portador do princípio ativo que ativa o poder encantatório das palavras que ouve.
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