
Tudo isso e tudo aquilo: uma breve ponderação sobre contradições constitutivas do Modernismo brasileiro
2022; Issue: 21 Linguagem: Português
10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2022.201262
ISSN2525-8133
Autores Tópico(s)Brazilian cultural history and politics
ResumoOs autores e obras brasileiras localizados nas primeiras décadas no século XX estão constantemente sob acusações de não serem verdadeiramente modernos, seja pela diferença e distância entre as realizações vanguardistas de nossos autores e as dos modelos europeus, seja pela ausência de discussão em torno da identidade nacional, seja ainda pelos contornos confusos e borrados entre identidade nacional e local. Entretanto, considerando a ponderação de Marshall Berman de que na Modernidade – e em sua expressão estética, o Modernismo –, não se é isso ou aquilo (Either/Or), mas se é isso e aquilo (Both/And), a experiência histórica e a arte moderna poderiam admitir a sobrevivência dialética das contradições, mesmo se elas, a priori, não coexistissem. A partir da análise do poema “Saudade”, publicado no livro Poemas análogos (1927), de Sérgio Milliet, em que coabitam contradições, temas decadentes, formas clássicas e imagens românticas com técnicas vanguardistas e dicção e ironia modernas, pode-se compreender e melhor interpretar o Modernismo brasileiro, refletindo sobre as contradições da experiência social da Modernidade no Brasil. Desta maneira, evita-se o encerramento da discussão nos argumentos da insuficiência, das impossibilidades, do erro, do “nunca ser moderno” que assombram o Modernismo brasileiro e latino-americano.
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