O Problema das Ruínas: Negociação do Património Cultural em Macau
2021; Issue: 56 Linguagem: Português
10.59072/rper.vi56.156
ISSN1645-586X
Autores Tópico(s)Socioeconomic Development in Asia
ResumoTradicionalmente, as ruínas eram encaradas na China como estruturas arquitetónicas indesejáveis que “só poderiam ter significado nos dias atuais quando fossem completamente renovadas” (Chen, 2016: 356 - tradução nossa). Elas eram identificadas com caos, perturbação, défice e infortúnio. Os princípios chineses tradicionais de inteireza, completude, equilíbrio estético e busca gestalt derivam da tradição Taoista. Segundo essas referências, a harmonia e o apelo estético deveriam ser mais valorizados do que a autenticidade e a verdade histórica. Consequentemente, o tradicional modelo chinês de restauro recorreu a práticas de reconstrução do que havia sido demolido ou perdido anteriormente. O artigo toma o caso do famoso marco histórico-cultural português de Macau – as Ruínas de São Paulo - como exemplo de um espaço de negociação entre as atitudes "ocidental" e chinesa em matéria de preservação do património. Através dessa análise, o objetivo final do artigo pôde ser alcançado: revelar a identidade urbana complexa de Macau, com expressão no seu património cultural. Os métodos utilizados neste estudo incluíram o levantamento das práticas tradicionais de preservação do patrimônio chinês e a respetiva comparação com as tradições ocidentais, recorrendo à revisão da literatura e à análise de documentos de natureza política. Adicionalmente, recorreu-se ao levantamento de documentos diversos reveladores da recetividade social mantida no referente às práticas de preservação do património chinês, juntamente com observações em primeira mão. A conclusão a que se chegou é que as ruínas de São Paulo precisam ser reconheci das como um local de manifestação de visões dissonantes de restauro do patrimônio, e como marco emblemático da identidade complexa de Macau.
Referência(s)