Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Convite a O abraço da serpente

2022; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ; Volume: 44; Issue: 1 Linguagem: Português

10.4025/actascihumansoc.v44i1.62243

ISSN

1807-8656

Autores

Cassiano Terra Rodrigues,

Tópico(s)

Memory, Trauma, and Testimony

Resumo

O texto que segue foi escrito em 2015, logo após eu sair da sessão do filme na 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 2015. Não é um texto que respeita o cânone do gênero literário ‘artigo acadêmico’, mas tampouco é tão arbitrário que não possa ser qualificado de científico. Na verdade, penso que sua qualificação científica apenas tornou-se mais evidente de lá para cá. Se isso não o afasta totalmente de uma crítica de cinema, ao menos o aproxima de uma crítica do olhar, pela tentativa de explicitação de alguns pressupostos do olhar do filme. Cronologicamente, de 2015 para cá não são tantos anos passados. Todavia, após dois anos de pandemia de COVID-19, atos antes corriqueiros como ir ao cinema parecem pertencer a uma realidade cada vez mais distante. Talvez seja mais correto afirmar que esses anos de pandemia escancararam a realidade e a falsidade de certos simulacros que antes ainda passavam despercebidos. É certo que a hegemonia de novas formas menos coletivas e mais privatizadas de ver já se anunciava antes da pandemia, mas nada se compara ao que vimos acontecer de 2020 para cá. A agudização destrutiva do processo colonizador – ao qual são submetidos os ecossistemas do planeta – potencializa a experiência de transmutação ou estranhamento que o filme pode suscitar. A continuar esse passo, em breve, o único fluxo que a pós-humanidade chegará a conhecer será o das transfusões de sangue artificial para alimentar cérebros vegetativos.

Referência(s)