
CORREÇÃO DE HÉRNIA PARACOLOSTÔMICA E UTILIZAÇÃO DE CURATIVO A VÁCUO PARA o TRATAMETO DE INFECÇÃO ASSOCIADA A MANUTENÇÃO DA TELA
2022; Thieme Medical Publishers (Germany); Linguagem: Português
10.1055/s-0043-1764861
ISSN2317-6423
AutoresJúlia de Oliveira Fonseca, Matheus Matta Machado Mafra Duque Estrada Meyer, Amanda Cristina Virgílio Alves, Vivian Scarlleth Lopes Oliveira, Júlia Salles Rezende Dias, Igor Reggiani Gomes, Matheus Duarte Massahud, Ilson Geraldo da Silva,
Tópico(s)Colorectal Cancer Surgical Treatments
ResumoAs hérnias paracolostômicas são incisionais, ao lado da colostomia. A incidência está relacionada ao tipo de estoma, às comorbidades, e ao tempo de acompanhamento, varia de 30% (primeiro ano) a 40% (segundo ano), e pode chegar a mais de 50% ao longo do acompanhamento. As colostomias terminais são as que mais cursam com hérnias. Sua correção é um desafio devido à ostomia, à localização e à contaminação da região. Uma paciente do sexo feminino, de 58 anos, tabagista, etilista, e obesa, havia sido submetida a amputação abdominoperineal em 2016 – carcinoma epidermoide de canal anal sem reposta completa à quimioterapia e radioterapia –, e estava em uso de colostomia terminal no quadrante inferior esquerdo. Ela evoluiu com hérnia incisional mediana e paracolostômica sintomática – com dor constante e necessidade de analgésicos. Em março 2022, foi submetida a cirurgia com colocação de tela de Marlex à Lichetenstein, para correção do defeito aponeurótico, e uso de dreno Portovac. A paciente recebeu alta, e o dreno foi retirado no sétimo dia de pós-operatório, quando iniciou eritema, edema e calor da parede abdominal, com necrose das bordas da ferida. Iniciou-e terapia com antibiótico, e a paciente evoluiu com deiscência de ferida e secreção. Ela foi levada ao bloco cirúrgico e submetida a abertura da ferida com lavagem exaustiva, desbridamento, e realização de curativo com sucção contínua. Realizou três trocas de curativos para posterior adaptação do curativo a vácuo domiciliar. Fez o uso da terapia a vácuo por seis dias, com granulação importante da ferida, sem necessidade de remoção da tela. Depois, passaram a ser realizados curativos diários com cobertura especial. A literatura descreve diversas técnicas para a correção dos defeitos apaneuróticos incisionais associados as hérnias paracolostômicas. A escolha da técnica deve levar em consideração a experiência do cirurgião, as características do estoma, e as condições clínicas do paciente. Entretanto, convergem na necessidade do uso da tela, pois, quando não utilizada, a condição cursa com recidivas. As infecções associadas as correções de hérnias ventrais com uso de tela variam entre 5% e 10%, e são a pior e mais temida complicação. Apesar de a literatura recomendar a retirada da tela, trabalhos mais recentes já demonstram a possibilidade de mantê-la, associando ao tratamento os antibióticos parenterais, drenagem – caso haja coleções associadas –, desbridamento, e utilização da terapia a vácuo. Esta última é essencial para a boa granulação e o fechamento da ferida. A adaptação do curativo a vácuo concomitante à colostomia é um desafio, mas muito factível, conforme apresentado neste caso.
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