DIAGNÓSTICO TARDIO DE DOENÇA DE HIRSCHSPRUNG: RELATO DE CASO
2022; Thieme Medical Publishers (Germany); Linguagem: Português
10.1055/s-0043-1764866
ISSN2317-6423
AutoresVitória Oshiro Orro, Carlos Henrique Marques dos Santos, Fábio Kanomata, Manuella Lugo Chaves, Carla Bastos da Costa Almeida,
Tópico(s)Gastrointestinal disorders and treatments
ResumoO paciente V.H.R.M, de 17 anos, do sexo masculino, branco, foi admitido no serviço hospitalar com histórico de dor abdominal difusa de forte intensidade e constipação intestinal havia cerca de 15 dias; ele ainda eliminava flatos, e referiu diarreia 3 dias antes do atendimento. Referiu também que, desde a infância, apresentava constipação intestinal, e que nos últimos meses, o hábito intestinal variava de 1 evacuação a cada 3 semanas, com necessidade de realização de esforço para evacuação devido a fezes endurecidas, além de incontinência fecal, com necessidade de uso contínuo de fraldas. Na admissão no pronto atendimento, foi realizada tomografia de abdome, que evidenciou megacólon e distensão de reto com grande quantidade de fezes. Foi realizada extração manual de fecaloma em centro cirúrgico sob raquianestesia e sedação. O paciente teve boa evolução, manteve evacuações presentes nos dias seguintes, e realizou colonoscopia durante esta mesma internação, que evidenciou distensão e aumento difuso do diâmetro do cólon e do reto, além de terem sido realizadas biópsias de reto. O paciente retornou ao Ambulatório de Coloproctologia cerca de vinte dias após a alta, e o resultado de biópsia de reto evidenciou ausência de células ganglionares em região submucosa e plexo mioentérico não representado no material, e foi indicado tratamento cirúrgico pela técnica de Duhamel-Haddad. A doença de Hirschsprung (DH) é um distúrbio motor do intestino, que se caracteriza por um defeito embrionário na migração de células a partir da crista neural, o que gera um segmento agangliônico na extremidade distal do intestino. Ocorre aproximadamente em 1 a cada 5 mil nascidos vivos, com uma razão masculino:feminino de 3:1 a 4:1. Em aproximadamente 80% dos pacientes, a D afeta o retossigmoide (conhecida como doença de segmento curto, como no caso do paciente aqui apresentado). Em 15% a 20% dos pacientes, a aganglionose se estende até a região proximal do cólon sigmoide (conhecida como doença de segmento longo), e em aproximadamente 5% dos casos o cólon inteiro é afetado. O método padrão-ouro para o diagnóstico é a biopsia retal, que mostra ausência de células ganglionares e número aumentado de fibras nervosas acetilcolinesterase positivas. O principal tratamento é a cirurgia. O objetivo é ressecar o segmento afetado do reto e do cólon, e realizar uma anastomose entre o intestino saudável e o reto distal perto do ânus, preservando a função do esfíncter anal interno.
Referência(s)