Artigo Acesso aberto

Eros e Tânatos na obra de Nelson Rodrigues

2022; OpenEdition Journals; Issue: 16 Linguagem: Português

10.4000/atlante.18875

ISSN

2426-394X

Autores

Maria Cristina Batalha,

Tópico(s)

Cultural, Media, and Literary Studies

Resumo

Na sua obra bastante diversificada, embora de uma unidade surpreendente, o escritor brasileiro Nelson Rodrigues (1912-1980) aborda um tema essencial: os embates entre Eros e Tânatos, já ilustrados pelo mito literário de Tristão e Isolda, paradigma do amor no Ocidente. Na poética do autor, o homem, marcado pela perda da inocência e consequente impureza adulta, só é capaz de viver o verdadeiro amor na morte. De fato, na raiz da paixão e do mito romântico do amor eterno, encontra-se a crença maniqueísta assente na dicotomia entre carne e espírito. A morte apresenta-se como única possibilidade de transfiguração, pois é ela que separará enfim o espírito da matéria. O corpo, central em sua obra, torna-se a sede das emoções, mas também é objeto de repulsa. É o papel preponderante atribuído às manifestações doentias, às sujeiras e aos líquidos secretados pelo corpo que explica a acusação de mau-gosto feita comumente à obra do autor, considerado como "desagradável" pelos críticos de sua época.

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