
Decolonialidade e ressignificação da figura da bruxa em “Eu, tituba: bruxa negra de Salem”
2022; Jair Sindra Virtuoso Junior; Volume: 11; Issue: 1 Linguagem: Português
10.18554/rs.v11i1.6326
ISSN1983-3873
AutoresRoseli Hirasike, Vera Bastazin,
Tópico(s)Literature, Culture, and Criticism
ResumoEste artigo evidencia a força da narrativa histórico-metaficional como mobilização decolonial, ao observar a ruptura do silêncio da História sobre uma questão de forma a ressignificá-la. O corpus do trabalho é o romance de Maryse Condé, “Eu, Tituba: bruxa negra de Salem” (2019), inspirado na acusação e condenação da negra escravizada Tituba Indien pelo crime de bruxaria. Trata-se de ficção histórica que fomenta o reconhecimento e ressignificação cultural do corpo, gênero e cosmovisão da mulher negra, a partir da figura da bruxa e do mito da feiticeira. A trama central se passa na aldeia de Salem, na Massachusetts colonial, de 1692, período emblemático de histeria em massa na América Colonial, quando se teria realizado a perseguição àqueles considerados hereges: foi a chamada caça às bruxas. Em nota, Condé atribui a lacuna de dados históricos, sobre a origem e destino de Tituba, antes e depois da prisão, ao racismo consciente ou inconsciente dos historiadores e a preenche com uma cativante narrativa, realizada pela protagonista que divide seu papel de narradora com a voz de um narrador maior que interfere, historiciza e avalia várias das ações realizadas na trama. A autora se vale da linguagem literária para a realização de uma obra instigante e, excepcionalmente, alinhada com teóricos contemporâneos a respeito da decolonização cultural
Referência(s)