Artigo Acesso aberto

Disgerminoma: um relato de caso

2022; Linguagem: Português

10.5327/jbg-0368-1416-2022132s1014

ISSN

0368-1416

Autores

Gabriel Vasconcellos Guimarães, Luiza Araujo Barros, Fernanda Bergamo Iorio Rodrigues, Eduardo Uzelac Kano, Daniel de Carvalho Zuza, Aguinaldo Ferreira Leite Filho,

Tópico(s)

Ovarian function and disorders

Resumo

Introdução: Disgerminoma é o tipo de tumor de células germinativas (TCG) do ovário mais comum (47%), contudo os TCG representam de 3 a 5% dos tumores de ovário. A maioria dos casos ocorre em pacientes com menos de 40 anos, sendo 10–15% deles tumores grandes e bilaterais. Não são facilmente diagnosticados. Entre os sintomas, destacam-se dor e massa abdo-minal de crescimento rápido. Sua disseminação é predominantemente lin-fá tica. Relato de caso: B.S.S., 19 anos, branca, G1P0A1, casada, evangélica, sem comorbidades. Buscou atendimento no Hospital Federal de Ipanema em 27 de novembro de 2020 com queixa principal de dor e sensação de peso em baixo ventre. Ao exame, apresentava tumoração endurecida ocupando fossa ilíaca e flanco esquerdos de aproximadamente 17 cm, móvel. Foi reali-zada ultrassonografia transvaginal, que revelou ovário esquerdo aumentado (181 × 89,5 × 115 mm) com presença de tumoração irregular, heterogênea e mista, sem vascularização, que podia corresponder a cisto dermoide, sem demais alterações. Foram solicitados exames complementares: beta gona-dotrofina coriônica humana (HGC=7,64; CA-125=42,6; CA19.9=117,39; CEA=3,95; AFB>1.000). Optou-se pela realização e anexectomia esquerda para a manutenção da fertilidade e enviou-se o material para anatomia pato-lógica com laudo de disgerminoma. Após a cirurgia, foi iniciada quimio-terapia com Cisplatina + Etoposidium (sete ciclos). Em acompanhamento oncoginecológico, a paciente apresentou tomografia computadorizada (TC) em abril de 2021 com lesão hipodensa subcapsular hepática hipocaptante, medindo 2 × 2 cm no segmento II; lesão cística lobulada e septada medindo 6,7 × 4,3 cm indissociável do segmento V, múltiplas formações semelhantes na pelve. Optou-se então pela realização de laparotomia exploradora second look. No inventário de cavidade, foram visualizadas lesões em segmentos V e VI hepático de aproximadamente 2–3 cm, além de lesão pericecal de 1,5 cm. Foram realizadas colecistectomia, biópsia de peritônio e ressecção de lesões, com laudo histopatológico de esteatonecrose. Após a segunda abordagem, viu-se aumento progressivo de AFP 80,6 para 3.586. As TC de abdome e pelve descrevem imagem cística na pelve direita de 4,8 cm indissociável do útero. A paciente foi submetida a nova laparotomia, com evidência de tumoração aderida à parede anterior do útero, de aspecto degenerativo. Realizaram-se his-terectomia total abdominal com anexectomia direita e ressecçã o do peritônio retal, com consentimento da paciente devido a recidiva — congelação com laudo de disgerminoma. A paciente segue em acompanhamento ambulato-rial. Conclusão: O disgerminoma ovariano é uma patologia maligna com prognóstico reservado. Contudo, esses tumores apresentam grau de atipia variável e apenas um terço deles apresenta-se de forma agressiva, como no caso relatado. A cirurgia é o método de escolha para estadiamento, diagnóstico e tratamento. A maioria cursa com aumento de desidrogenase láctica (LDH) e hCG, enquanto a AFP tende a permanecer nos níveis normais. Neste caso, observamos importante aumento nos valores de AFP, enquanto hCG e LDH ficaram pouco aumentados.

Referência(s)
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