Artigo Acesso aberto

Endossalpingiose difusa: relato de caso

2022; Linguagem: Português

10.5327/jbg-0368-1416-2022132s1019

ISSN

0368-1416

Autores

Felipe Costa Angelo, Fernanda Almenara Silva dos Santos Gondim, Thainá Maciel Fraga Montoiro, Tereza Maria Pereira Fontes, Roberto Luiz Carvalhosa dos Santos, Manoel Marques Torres,

Tópico(s)

Uterine Myomas and Treatments

Resumo

Introdução: A endossalpingiose é uma condiçã o benigna que se carac-teriza pelo crescimento ectópico do epitélio da trompa de Falópio. A apre-sentação clínica é inespecífica e o diagnóstico deve-se a achados incidentais em mulheres submetidas a cirurgia por dor pélvica crônica, infertilidade, sintomas urinários ou massa pélvica. Os sintomas mais comuns são dor pél-vica, dismenorreia, sangramento uterino anormal e infertilidade. Relato de caso: Paciente de 44 anos, sexo feminino, natural do Rio de Janeiro, GIIPII (dois partos vaginais) A0, tabagista, com antecedente ginecológico de nodu-lectomia em mama direita em 2002 por doença benigna, procurou ambula-tório do serviço de ginecologia em junho de 2018 com relato de aumento do fluxo menstrual em número de dias e quantidade, associado a dismenorreia, havia um ano. Ao exame físico da primeira consulta, observaram-se: colo indolor à mobilização, útero móvel e 3 cm acima de sínfise púbica, anexos impalpáveis. A paciente retornou apenas em junho de 2021 com os exames de imagem solicitados. Ressonância magnética (16 de abril de 2021): útero com volume aproximado de 2.025 cm3, lobulado, contendo imagens císticas e imagens sólidas sugestivas de leiomiomas. Ao exame físico: útero móvel, palpável em cicatriz umbilical, colo pouco doloroso à mobilização. Foi reali-zada histerectomia total abdominal com salpingectomia bilateral e ooforec-tomia à esquerda. Durante a cirurgia, encontrou-se útero lobulado, múltiplas aderências em trompas e ovários, aumento do volume de trompas bilateral. O exame anatomopatológico mostrou endossalpingiose difusa, além de leio-miomas, no útero. Conclusão: A etiopatogenia da endossalpingiose ainda não é clara, porém acredita-se que esteja associada a mudança metaplásica do epitélio celômico em epitélio tubário. A endossalpingiose é classificada como lesão secundária do sistema mulleriano e, por vezes, encontra-se asso-ciada à endometriose e à endocervicose. É uma condição rara encontrada geralmente em mulheres em idade reprodutiva. Na literatura, a endossalpin-giose foi descrita em útero, peritônio, tecidos subperitoneais, omento, tecido retroperitoneal, intestino, apêndice e, raramente, bexiga. A endossalpingiose aparece macroscopicamente como uma massa polipoide ou como múltiplos cistos de tamanhos diferentes. Seu diagnóstico é feito histologicamente pela presença de epitélio tubular contendo três tipos de células: células coluna-res ciliadas, células mucosas secretoras colunares não ciliadas e as chamadas cé lulas intercalares em localização ectópica.

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