Artigo Acesso aberto

Tumor de Brenner benigno associado a teratoma maduro, um relato de caso

2022; Linguagem: Português

10.5327/jbg-0368-1416-2022132s1047

ISSN

0368-1416

Autores

Jhonathan Alcides Elpo, Amanda Roepke Tiedje, Luiz Fernando Sommacal, Marilin Lehmkuhl de Sa Muller Sens, Vitor Leonardo Nandi,

Tópico(s)

Ovarian cancer diagnosis and treatment

Resumo

Introdução: Os tumores de ovário incluem um grande grupo de doenças, desde benignas até malignas. Sua etiologia varia de acordo com as células que dão origem ao tumor. Entre as lesões de células germinativas se destaca o teratoma cístico maduro, também denominado cisto dermoide. Ele representa 10 a 15% de todos os tumores ovarianos, com pico de incidência aos 30 anos. Comumente é unilateral e benigno, com baixo risco de malignidade. Entre os tumores sólidos epiteliais benignos, podemos citar o tumor de Brenner, que se mostra mais raro, com prevalência de 1 a 2,5% dos tumores de ovário. Geralmente unilateral, pequeno e benigno, é descoberto acidentalmente em exame anatomopatológico. A associação destes dois tumores, teratoma e tumor de Brenner, por eles apresentarem origem em células diferentes do ovário, é rara e pouco relatada na literatura. Relato de caso: B.T.A., 55 anos, hipertensa, em uso de losartana e anlodipino, tabagista 30 anos-maço, menopausa aos 44 anos. Histórico obstétrico de três gestações, sendo um parto vaginal e dois abortos de primeiro trimestre. Foi encaminhada a serviço de referência para cirurgia ginecológica por ultrassonografia transvaginal que exibia, em região anexial esquerda, imagem sólida, heterogênea, medindo 79 × 88 × 70 mm, sugestiva de teratoma. Paciente assintomática, com diagnóstico da lesão em exame de rotina ginecológica. Ao exame físico, sem alterações que chamassem a atenção do examinador. Indicou-se tratamento cirúrgico, e foi realizada anexectomia esquerda por videolaparoscopia sem intercorrências. A avaliação histopatológica da peça cirúrgica evidenciou teratoma cístico maduro de 65 × 45 mm e, com ele, tumor de Brenner benigno ovariano. A paciente evoluiu com boa recuperação pós-operatória, sem complicações ou intercorrências até a última avaliação, após 60 dias da cirurgia. Conclusão: Os teratomas têm origem em células germinativas, em sua maioria tecidos diferenciados ectodérmico, mesodérmico e endodérmico maduros. Mais de 95% são císticos, benignos e geralmente assintomáticos. Quando presentes, os sintomas estão relacionados ao tamanho do cisto dermoide, não sendo incomum estarem associados à torção do ovário. Os tumores de Brenner têm origem fibroepitelial, sendo compostos de epitélio de transição infiltrando estroma fibroso denso. Apesar de geralmente pequenos e assintomáticos, há relatos na literatura de tumores de Brenner com até 25 kg, causando sintomas semelhantes aos grandes fibromas. Uma pequena parcela deles pode ser maligna, de 2 a 5%. Apesar de a maior parte dos tumores de ovário serem benignos, sua remoção é indicada para a exclusão de malignidade e para evitar complicações relacionadas, como torção, ruptura e sangramento. A via laparoscópica é preferencial pelas vantagens que apresenta em relação à via aberta. Nos casos de tumores benignos, como teratoma maduro e tumor de Brenner benigno, a remoção total da lesão é curativa, não havendo necessidade de intervenção adicional.

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