
Fatores associados e prevalência de enteroparasitoses durante a gravidez
2022; Linguagem: Português
10.5327/jbg-0368-1416-2022132s1069
ISSN0368-1416
AutoresMaria Eduarda Barillari Cano, Raphaela Naara Sizinia da Silva Monteiro, Rachel Rocha Pinheiro Machado,
Tópico(s)Breastfeeding Practices and Influences
ResumoIntrodução: A infecção parasitária intestinal (IPI) é um problema de saúde pública tanto em países em desenvolvimento quanto nos subdesenvolvidos. As mulheres grávidas são uma população de risco para as IPI pelas alterações fisiólogas sofridas, como queda da imunidade, uma das principais causas de mortalidade materna em tais países. Objetivo: Estimar a prevalência das IPI mais frequentes em gestantes, assim como os principais fatores associados. Materiais e métodos: Foram analisados ensaios clínicos controlados e randomizados, estudos observacionais e estudos transversais publicados originalmente em inglês, nos últimos cinco anos, em humanos, tendo como referência a base indexadora Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MedLine). Foram excluídas as publicações disponíveis apenas em resumo, bem como aquelas com desfechos/pacientes impróprios. A escala Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) foi utilizada no intuito de melhorar o relato desta revisão. Resultados e conclusão: De início, foram encontrados 367 estudos, mas com a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão apenas 14 artigos fizeram parte do escopo e análise finais. A população amostral foi composta de 5.078 gestantes que residiam em países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos. A prevalência geral de IPI em gestantes foi de 38%, e as mais prevalentes foram giardíase (19,48%), ancilostomose (19,15%), tricuríase (18,8%), teníase (18,6%), himenolepíase (16,3%), ascaridíase (12%); 2,8% das mulheres apresentaram dupla infecção ao longo da gravidez. Alguns estudos relataram a presença de amebíase, esquistossomose e infecções por Escherichia coli, além de um relato de caso demonstrar estrongiloidíase em uma gestante colombiana de 23 anos. Os estudos analisados demonstram predomínio de IPI em gestantes de 25–29 anos (37%); grávidas com idade superior a 30 anos apresentavam 68% menos chance de ter IPI. Entre as gestantes analisadas, 46,85% apresentavam ensino fundamental completo e 19% não apresentavam educação formal. A prevalência das IPI foi maior no segundo trimestre de gestação (66,5%) e em primeira gravidez (43%). Das gestantes infectadas, 55 8% eram desempregadas, ao passo que 44,2% tinham labor, sendo 71,5% artesãs. A existência de banheiro privado, a lavagem das mãos antes das refeições e o consumo de água tratada foram considerados fatores protetores. Já o uso de latrina de fossa foi fator de risco. Outro estudo verificou que mulheres que não usavam mosquiteiros impregnados eram 7,5 vezes mais suscetíveis à infecção, já que os insetos podem contaminar alimentos e realizar o transporte dos ovos, espalhando-os e aumentando o risco de contaminação. Assim, os principais parasitas encontrados em gestantes foram Giardia intestinales, Trichuris truchiuria e Ancylostoma duodenales. Fatores como idade, escolaridade, período gestacional, quantidade de gravidezes e ocupação podem ser fundamentais para a elaboração de estratégias de combate às IPI durante a gestação.
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