Miomatose uterina e síndrome do anticorpo antifosfolipídeo como causas de infertilidade: um relato de caso
2022; Linguagem: Português
10.5327/jbg-0368-1416-2022132s1086
ISSN0368-1416
AutoresCamila Chalhoub Silva Fortuna Jasmim, Daniela Pereira Monteiro, Taylor da Costa Jasmim,
Tópico(s)Eosinophilic Disorders and Syndromes
ResumoIntrodução: A infertilidade afeta milhões de pessoas em idade reprodutiva em todo o mundo e exerce impacto em famílias e comunidades. Essa patologia pode ser advinda de alterações no sistema reprodutor masculino ou no sistema reprodutor feminino, bem como de causas sistêmicas, como doenças do sistema autoimune. Entre as causas relativas ao sistema reprodutor feminino, os leiomiomas uterinos são considerados causas frequentes de infertilidade. Relato de caso: Paciente C. S. S., do sexo feminino, 36 anos, procura clínica de ginecologia e obstetrícia em serviço particular no dia 11 de dezembro de 2019 com queixa de infertilidade há um ano, miomatose uterina e aborto espontâneo no dia 2 de novembro de 2019, além de história prévia de trombose venosa profunda. A ultrassonografia transvaginal (USGTV) do dia 19 de setembro de 2019 evidenciava ecotextura miometrial heterogênea em razão da presença de nódulos hipoecogênicos, o maior em parede anterior de fundo uterino medindo 3,6 × 3 cm. Foram solicitados novos exames para avaliar possível abordagem cirúrgica. Foi indicada miomectomia, via laparotomia, realizada no dia 5 de fevereiro de 2020. As lesões foram submetidas à análise histopatológica, a qual diagnosticou leiomiomatose uterina. Após seis meses da cirurgia, a paciente foi liberada para tentar nova gestação e retornou em consulta dia 21 de outubro de 2020 com atraso menstrual e teste beta gonadotrofina coriônica (BHCG) positivo. Com base no relato de trombose venosa profunda e aborto prévio, formulou-se a suspeita clínica de trombofilia e foram solicitados exames laboratoriais cujo resultado foi positivo para imunoglobina A anticardiolipina. Diante da hipótese diagnóstica de síndrome do anticorpo antifosfolipídeo (SAF), foi prescrito Enoxaparina 40 mg, via subcutânea, uma vez ao dia durante toda a gestação e o primeiro mês de puerpério. Não houve intercorrências durante a gestação. Conclusão: A infertilidade tem como causas principais fatores femininos, incluindo distúrbios ovulatórios, e anormalidades anatômicas ou imunológicas. Os miomas são os tumores benignos mais frequentes em mulheres em idade reprodutiva. Embora sejam quase sempre benignos, podem levar ao aumento do sangramento uterino, dor pélvica e infertilidade, dependendo de seu tamanho, localização e classificação, que devem ser documentados na ultrassonografia transvaginal (USGTV). O incremento nas taxas de gestação após a ressecção cirúrgica de miomas submucosos leva-nos a acreditar que esses tumores tenham papel na etiologia da infertilidade, sendo a miomectomia o procedimento de escolha para as pacientes que ainda desejam engravidar. Já a SAF é definida como uma doença autoimune pró-trombótica, caracterizada pela presença de anticorpos antifosfolípides persistentes, trombose e aborto recorrente. Sabe-se que a síndrome pode causar baixos índices de sucesso na gestação na ausência de terapêutica adequada, porém a patogênese da morbidade obstétrica na SAF ainda não é totalmente compreendida. O tratamento é baseado na administração de antiagregantes plaquetários e anticoagulantes.
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