O nada e o abismo: a subjetividade identitária em Clarice Lispector
2023; Servicios Academicos Intercontinentales; Volume: 16; Issue: 3 Linguagem: Português
10.55905/revconv.16n.3-020
ISSN1988-7833
AutoresBrenda Mércia do Nascimento Lima,
Tópico(s)Literature, Culture, and Criticism
ResumoIntrodução: Este trabalho trata do conceito e função da identidade a partir da subjetividade discursiva em Clarice Lispector. Essa ideia metafísica de identidade de algo também pode ser definida por outros elementos que, por definição, são seus opostos. Como o belo e o desprezível ou como a morte parece falar sobre a vida quando esta é perdida. No livro A Hora da Estrela”, publicado em 1977, Clarice adota um alter-ego masculino que narra a história de Macabéa, uma pobre alagoana que se muda para o Rio. O narrador-escritor assegura durante todo o enredo que sua única finalidade em vida é escrever e utiliza a escrita para externar suas angústias e incômodos perante a existência. Essa construção angustiada da identidade também pode ser percebida em “O Duplo”, do escritor ocre e um dia se depara com uma “cópia” sua que é melhor que ele em tudo. Objetivo: o russo Fiódor Dostoievski, cujo enredo consiste em um rapaz que vive uma vida medíocre. O objetivo deste estudo, portanto, foi analisar os recursos discursivos utilizados por Clarice Lispector na construção identitária. Método: foram utilizadas, principalmente, a pesquisa bibliográfica e a descritiva. Quanto ao método, foi utilizado o descritivo e a Análise do Discurso. Resultados e discussão: inúmeros pensadores propuseram conclusões para a problemática da construção identitária. Uma destas é que existem propriedades essenciais (que são elementos intrínsecos a algo específico para formar aquilo que ele é) e propriedades acidentais, que podem ser removidas sem descaracterizar o objeto em questão (o que distinguiria os dois personagens de Dostoievski, já que ambos não compartilham as mesmas propriedades, por exemplo). Esse estudo descreve como isso acontece na produção literária de Clarice Lispector, especialmente, no livro A Hora da Estrela. Conclusão: contrariando a milenar frase “torna-te o que tu és”, Clarice Lispector assegura que “todo momento de achar é um perder-se a si próprio”. A cada nova descoberta estamos mais distantes de compreendermos o que de fato faz parte da nossa alma. A imortal alma já definida, citada e pesquisada há centenas de anos é intrínseca ao homem e tudo que a ele pertence. Seu corpo não passa de algo que apenas trabalha para conter sua alma selvagem e que dita sua natureza. Tal essencialidade deste espectro humano contesta a definição social de identidade através da estética exterior.
Referência(s)