Agentes De Pastoral Negros E A Bíblia No Contexto Afro: Uma Hermenêutica de Anos de Encanto
2017; Wiley; Volume: 67; Issue: 1 Linguagem: Português
10.1353/cro.2017.a782619
ISSN1939-3881
Autores Tópico(s)Migration, Racism, and Human Rights
ResumoAgentes De Pastoral Negros E A Bíblia No Contexto Afro: Uma Hermenêutica de Anos de Encanto Obertal Xavier Ribeiro Introdução Para refletir os 32 anos da presença e atuação dos Agentes de Pastoral Negros é necessário pensar a articulação entre a Palavra e a vida. Em meio a tantos sofrimentos um encanto permanece: a certeza de fé que o Deus que cremos Libertador, caminhou com os nossos antepassados e caminha conosco. Ele se revela nas diversas e diferentes manifestações presentes na comunidade negra, nas religiões e culturas, o que provoca a necessidade do diálogo e do encontro. Isso que marcou o que celebramos e recordamos da atuação do povo negro nesses anos de história e vivência, nos lugares e espaços que ocupamos, nas nossas origens, no presente e no futuro. Interpretar esses anos indica um caminho, uma postura de valorização dos passos dados, que não iniciaram conosco, mas que continuamos firmemente nesse tempo recordando, cantando, dançando, celebrando e finalmente vivendo. Da vida para o canto Parte desse texto foi pensado e pode ser afirmado vivido, a partir do cotidiano de idas e vindas para o trabalho. No transporte de massa, no cotidiano da Baixada Fluminense, junto com tantos outros negros e negras de Nova Iguaçu, no trem da Central. Inicialmente nos perguntamos: lugar dos negros e dos pobres? Nessas idas e vindas é claro que a memória era dos Navios Negreiros. Transporte tão desumano que trouxe o nosso povo negro da África e que de maneira parecida, não mais pelos mares, mas pela ferrovia, em terra, conduz pelos trilhos as trilhas da vida, sofrimentos e lutas dos que vão para o Centro do Rio, saindo das periferias para produzir riquezas. Assim pensamos a teologia, neste lugar concreto, a partir desse referencial que é a Baixada Fluminense. Lugar de tantos que vêm de outros cantos do Brasil, marcadamente experimentados pelo que é o Êxodo com suas cicatrizes da escravidão, que embalados não pelas ondas, mas pelo saculejar, sonham Quilombos de libertação. Vale lembrar Solano Trindade: Trem sujo da Leopoldina correndo, correndo, parece dizer tem gente, com fome tem gente com fome, tem gente com fome… Piiiiii Estação de Caxias de novo a dizer de novo a correr tem gente com fome, tem gente com fome, tem gente com fome.= Vigário Geral, Lucas, Cordovil, Brás de Pina, Penha Circular Estação da Penha, Olaria, Ramos, Bom Sucesso, Carlos Chagas Triagem, Mauá trem sujo da Leopoldina correndo, correndo parece dizer tem gente com fome, tem gente com fome, tem gente com fome. Tantas caras tristes, querendo chegar em algum destino, em algum lugar Trem sujo da Leopoldina correndo, correndo parece dizer tem gente com fome, tem gente com fome, tem gente com fome Só nas estações quando vai parando lentamente começa a dizer se tem gente com fome dá de comer, se tem gente com fome dá de comer, se tem gente com fome dá de comer Mas o freio de ar todo autoritário manda o trem calar, Psiuuuuuuuuuuu. Isso nos leva a pensar e a recordar o canto tão comum entre nós, Agentes de Pastoral Negros, quando nos organizávamos para preparar nossa formação e nossas celebrações nas comunidades. Cantado tantas vezes na roda em nossos encontros pelo Brasil afora: “Sou de lá da África”. Vale resgatar a letra, simples e significativa para nossa experiência. Sou de lá! De África! Se eu não sou de lá, os meus pais são de lá, de África. Sou de lá! De África! Se eu não sou de lá, os meus avós são de lá, de África. Sou de lá! De África! Se eu não sou de lá, os meus ancestrais são de lá, de África. Pela minha cor, pelo meu sorriso! Pelo meu andar, pelo meu sambar! Sou de lá! De África! Se eu não sou de lá, os meus pais são de lá, de África. Sou de lá! De África! Se eu não sou de lá, os meus avós s...
Referência(s)