Artigo Acesso aberto

Elos entre o passado e o presente nas estruturas arquitetônicas do parque arqueológico do morro da queimada em Ouro Preto/MG

2023; Servicios Academicos Intercontinentales; Volume: 16; Issue: 6 Linguagem: Português

10.55905/revconv.16n.6-041

ISSN

1988-7833

Autores

Fernanda Alves de Brito Bueno, Eloina Caroline Ferreira Paes, Marcus Vinícius Costa Silva,

Tópico(s)

Urban Development and Societal Issues

Resumo

Este trabalho é parte do resultado de uma pesquisa em andamento que visa mapear, identificar e analisar as técnicas empregadas nas estruturas arquitetônicas do sítio arqueológico na região do Parque Natural Municipal Arqueológico do Morro da Queimada. A origem da cidade de Ouro Preto se relaciona aos antigos arraiais mineradores, cujos núcleos se estabeleceram ao longo da serra, em território de extensas terras minerais. Nesse contexto inicial de exploração merece destaque a Sedição de Vila Rica, ocorrida em julho de 1720, cujo fato histórico tem relação direta à região estudada que veio a ser conhecida como Morro da Queimada, após incêndio ocasionado pelo então governador da Capitania, Conde de Assumar, em repreensão à revolta desencadeada pelos abusos da Coroa Portuguesa. O território da Serra de Ouro Preto, localizado ao norte do distrito sede, guarda memórias dos antigos arraiais e fulgura em sua paisagem remanescentes arquitetônicos de extenso e valioso sítio arqueológico, que concentra ruínas do que teriam sido estruturas da mineração e moradas do século XVIII. As dinâmicas apresentadas em ciclos de territorialização evidenciam, também, sobreposições dos séculos XIX e XX, assim como a existência de “ruínas contemporâneas”, resultantes da realocação de algumas famílias, durante o processo de criação do Parque. O artigo tem como objetivo discutir, por meio de uma perspectiva patrimonial e historiográfica, os elos entre o passado e o presente que se manifestam nas estruturas em ruínas desse sítio arqueológico. Se por um lado as ruínas se configuram como lugares de memória e revelam-se como registros de um passado ainda a se revelar, por outro, para que a história faça sentido, é preciso analisá-la na perspectiva do presente. Nesse sentido, o trabalho fundamenta-se na Teoria Contemporânea da Restauração de Muñoz Viñas, ao reconhecer, nas estruturas arquitetônicas do sítio, valores historiográficos e simbólicos. As ruínas, enquanto patrimônio cultural, não apenas revelam aspectos da funcionalidade de outrora, como, também, materializam-se por meio de técnicas tradicionais em alvenarias de pedra, que resistem ao tempo. Nessa perspectiva, as estruturas arquitetônicas do sítio arqueológico foram apresentadas por meio de registros bibliográficos e documentais, além de análises técnicas construtivas. Em relação aos valores simbólicos, torna-se necessário reconhecer permanências, mas sobretudo, ressignificados. Como reflexão final, destaca-se a necessidade de se incorporar a comunidade nesse processo de investigação, ao compreender a atribuição de valores, a dinâmica do território, as disputas de narrativas e a necessidade de se fortalecer identidades na busca pela preservação.

Referência(s)